Durante as últimas semanas, os preços do açúcar subiram, atingindo o valor mais alto em sete meses, 20,44 c$/lb. Embora parte do incentivo tenha sido encontrado fora de seu mercado – melhora do sentimento de risco – a maior parte da tendência pode ser explicada pela renegociação e inadimplência das usinas indianas, destaca a hEDGEpoint Global Markets em relatório divulgado esta semana.
“Desde 5 de novembro, quando o governo da Índia liberou cotas de exportação em 6Mt, os preços do açúcar subiram. Como os estoques atuais estão baixos e a safra indiana atrasou, as usinas encontraram motivos e apoio para começar a renegociar seus contratos”, explica a analista de Açúcar & Etanol da companhia, Lívea Coda.
Como resultado, os traders que estavam vendidos começaram a lutar para garantir o cumprimento de seus contratos físicos, oferecendo ao mercado suporte de curto prazo ou mesmo induzindo uma alta especulativa, de acordo com ela.
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Diante de todos os rumores de inadimplência/renegociação indiana, especuladores decidiram entrar no jogo e comprar e, ao final, no dia 15 de novembro, o mercado já dava sinais de sobrecompra. Portanto, espera-se uma correção de preços — “e já vimos alguns pontos caírem na última sessão”, destaca Coda.
Somando-se ao sentimento de sobrecompra, os fundamentos não mudaram: a Índia ainda deve produzir 36,5Mt, e a exportação de 6Mt estava dentro da expectativa. Assim, com a safra ganhando ritmo, os estoques começarão a se acumular e a tendência de renegociação perderá força, acrescentando uma perspectiva baixista a partir de dezembro, pontua o relatório.
“Como a Índia provavelmente vai focar na comercialização de açúcar refinado, dada a disparidade de preços, o bruto ainda pode encontrar suporte no aperto físico. Estimamos a atual paridade de exportação em 18,3 c$/lb, o que pode ser percebido como um piso até o início da próxima safra brasileira em abril de 2023. A maior disponibilidade de branco, por hora, pode levar a uma pressão baixista sobre o prêmio do branco”, observa Coda.
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Além disso, o mercado ainda espera que o governo libere outras 1-3Mt de cotas adicionais entre abril e maio de 2023, dependendo do ritmo da safra e dos estoques. “Nosso S&D mostra que para um estoque confortável (consumo de 3 meses) um limite deve ser adicionado em 7Mt (total)”, diz a analista. “Lembre-se que, a partir de abril, com a nova safra brasileira, o piso costuma se deslocar para o etanol – e seu patamar hoje é difícil de acertar”, afirma.
Conforme o último relatório da hEDGEpoint, muitos fatores podem impactar os preços do etanol: desde a decisão do governo sobre os impostos federais e a metodologia de precificação da gasolina da Petrobras até a macroeconomia e os preços internacionais do petróleo. “Embora acreditemos que os impostos federais serão restabelecidos, devemos monitorar de perto o BRL e o complexo energético“, conclui Coda.