
A variedade RB867515, desenvolvida pela Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (Ridesa), mantém seu reinado no Brasil, conforme mostrou o “Censo Varietal e Intenção de Plantio – Safra 2022/23”, divulgado nesta terça-feira (22), durante a 7ª e última reunião do ano do Grupo Fitotécnico de Cana, realizada no Centro de Cana IAC, em Ribeirão Preto – SP.
De acordo com o coordenador do projeto, o pesquisador Rubens Leite do Canto Braga Júnior, o Censo Varietal, considerado o maior do Brasil, abrangeu, até o momento, um universo de 222 empresas produtoras em uma área de 6 milhões de hectares no Centro-Sul do Brasil.
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A RB867515 também lidera em área plantada, com 12%, acompanhada pela RB966928 (11%), CTC4 (10%), RB975242 (7%) e CTC 9001 (5%).
No estado de São Paulo, as variedades mais cultivadas na safra atual são RB966928 e CTC4, com 15% de participação cada. Em seguida, aparecem a RB867515 (10%), CTC 9001 (7%) e as RB975242 e RB975201, ambas com 4% cada.
Segundo o Censo, as duas mais cultivadas também despontam como as mais plantadas, com 11% cada. Na terceira colocação, está a RB975242 (10%).
De acordo com Braga Júnior, o índice de concentração varietal vem caindo, sendo que nenhuma variedade possui mais do que 15% da área recenseada. Prova disso é que, apesar de manter ainda a predominância, a RB867515 vem perdendo espaço para variedades mais novas, surgindo em evidência no levantamento a RB975242, a CTC 9003, RB 975201, CV 7870, CTC9002, IACSP95-5094 e a RB985476.
O diretor geral do IAC e coordenador do Grupo Fitotécnico, Marcos Guimarães de Andrade Landell, destacou a importância do Censo e a segurança que o trabalho de pesquisas de novas variedades trouxe para o setor.
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A RB867515 aparece também como a principal variedade com maior intenção de plantio no país, sendo que, no Centro-Sul, a variedade conta com 9,2% de participação, seguida da CTC4 (8,9%), RB966928 (8,6%) e RB975242 (8,6%).
A variedade tem representatividade no Espírito Santo e no Mato Grosso com participação na intenção de plantio de 23,3%; no Mato Grosso do Sul com 14,2% e no Tocantins e na Bahia com 24,8%. Nesse caso, o percentual foi considerado, por Landell, preocupante porque é uma área muito grande, de 12 mil hectares, recenseada “basicamente somente com uma variedade, o que pode criar uma vulnerabilidade biológica grande”, disse.
No estado paulista, a variedade que deverá ser mais plantada será a RB975242 (10,5%), seguida da RB966928 (9,0%), da RB867515 (8,9%) e da CTC4 (8,7%).
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Landell destacou as variedades do IAC – como a IAC 5503, indicada para ambiente de produção de A até D, que tem alta produtividade associada à alta sacarose e ao alto perfilhamento, com mais de 95 mil colmos/há, porte ereto e maior flexibilidade de janela de colheita, usando o Terceiro Eixo, sistema de colheita desenvolvido pelo IAC (abril a novembro) – e é relutante ao florescimento e à isoporização.
Falou também da IAC 8008, variedade com alta produtividade e estabilidade de TCH ao longo dos ciclos, alto perfilhamento, com mais de 100 mil colmos/ha, porte ereto, bom equilíbrio biométrico e pode ser utilizada no Terceiro Eixo sendo que a época de colheita vai de maio a agosto.
Roberto Giacomini Chapola, da Ridesa, falou sobre as cincos variedades mais citadas no Censo, como a RB867515, a RB966928, a RB975242, a RB975201 e a RB975033.

Segundo ele, nos últimos dois anos, quando enfrentamos um elevado déficit hídrico, a variedade RB975242 ganhou destaque em área de plantio e cultivo, pois é uma cultivar tolerante à seca. “A variedade se destaca também pela rusticidade e por apresentar floreamento e ‘chochamento’ raros. A indicação é não colher tardiamente nos ambientes mais restritivos e em regiões de elevado déficit hídrico”, disse.
Mauro Violante, gerente de Desenvolvimento de Produtos & Assistência Técnica do CTC, destacou a contribuição que o centro de desenvolvimento de variedades vem dando ao setor, citando variedades como a CTC4, já consolidada, com amplas áreas de cultivo.
A variedade apresenta perfilhamento elevado, adaptabilidade ao plantio e à colheita mecanizada, rusticidade e TCH elevado, entre outros.
Também citou a CTC 9001 e a CTC 9003, variedades que se destacaram, principalmente, por produtividade. Inclusive, as cultivares existem também na versão BT, protegidas contra o ataque da broca.
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Violante comentou ainda que, recentemente, o CTC lançou a CTC7515BT, mais uma opção no seu portfólio de variedades transgênicas resistentes à broca. Também adiantou que o CTC prepara o lançamento de três novas variedades para o ano que vem: duas direcionadas para ambientes restritivos e uma para compor o portfólio de ambientes melhores, com altíssima produtividade.
José Bressiani, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da GranBio, apresentou o posicionamento das Vertis, variedades exclusivas de cana-energia, desenvolvidas pela companhia em sua Estação Experimental, localizada em Barra de São Miguel-AL.
Ele comentou que a Vertix 3, indicada para ambientes restritivos, já está sendo plantada por mais de 20 clientes em área, que chegou a mais de 10 mil hectares nesta safra.
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Bressiani informou ainda que, no próximo ano, será lançada a cultivar Vertix 12 – VX13-07733, que vem sendo desenvolvida em três ambientes em Alagoas (Estação, Coruripe e Marituba). Considerada por ele um material promissor, a nova cultivar é indicada para ambientes restritivos.
Conheça a intenção de plantio por região:












