Em entrevista para o Portal JornalCana, Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar, sindicato das usinas de cana-de-açúcar de Pernambuco, faz um desabafo: “o fenômeno El Niño devastou a safra 2015/16 das usinas da região Nordeste do País.”
Confira a seguir os motivos da quebra da 15/16 e a projeção da safra 16/17 em Pernambuco, um dos principais estados produtores de cana-de-açúcar do Nordeste brasileiro.
Portal JornalCana – Qual a previsão de moagem de cana-de-açúcar da safra 15/16 na região Nordeste do país?
Renato Cunha – 49 milhões de toneladas de cana. É um montante 12 milhões de toneladas abaixo das previstas 61 milhões de toneladas projetadas para a safra.
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O fenômeno El Niño é o grande responsável pela quebra, por ter provocado forte estiagem?
Renato Cunha – A agenda canavieira da região Nordeste se deparou com aspectos climáticos negativos, oriundos do El Niño, mas também com a descapitalização do setor nos últimos cinco anos. Essa descapitalização fez com que houvesse diminuição nos investimentos em adubação dos canaviais, o que comprometeu e influenciou na redução da safra. Foi uma redução sem precedentes na história do setor sucroenergético do Nordeste.
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Normalmente a safra de cana no Nordeste vai de agosto de um ano a março do outro. Como está agora?
Renato Cunha – Das 15 usinas de cana que moeram na safra 15/16, temos, nesta semana, cinco ainda em moagem na região da Zona da Mata Sul. Elas seguem em produção mesmo com o ATR menor.
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A safra 15/16 deve durar até quando?
Renato Cunha – Até os dias 8 ou 10 de março teremos cinco usinas em moagem.
E as perspectivas para a safra 16/17?
Renato Cunha – As perspectivas são menos ruins, mais positivas em função do regime de chuvas do verão.
Qual sua previsão de moagem de cana no estado de Pernambuco para a 16/17?
Renato Cunha – Deveremos chegar a 13,4 milhões de toneladas ou a 14 milhões de toneladas. É menos que as 15 milhões de toneladas processadas na safra 14/15, mas bem acima das 11,7 milhões de toneladas da safra 15/16, que está em fase de término.
Saiba mais sobre a safra 15/16 em Pernambuco
No acumulado da safra 15/16, iniciada em agosto do ano passado, o estado de Pernambuco registrou 825 milímetros de chuvas. É pouco, devido ao fenômeno El Niño, que provoca seca no Norte-Nordeste do Brasil.
A projeção era de 1 mil a 1,2 milímetros na Mata Norte e de 1,4 mil a 2 mil milímetros na Mata Sul do estado.
Segundo levantamento do Sindaçucar, a produção de açúcar pelas usinas de Pernambuco deve chegar a 800 mil toneladas, quebra de 28% ante a safra anterior.
Já a produção de etanol no estado, conforme o Sindaçucar, deverá alcançar 300 milhões de litros, queda de 21% sobre a temporada 14/15.
As usinas de Pernambuco produzem 0,8% do que o Nordeste faz de etanol hidratado. Já as usinas da região Nordeste são responsáveis por 5,4% de todo o hidratado feito no País, cuja previsão é de 36,4 bilhões de litros.