Ser protagonista ou coadjuvante. Quem vai definir o papel do etanol, nesse período de transição energética, será a capacidade dos setores envolvidos em sua produção no país de furar a bolha que separa os avanços, em termos de sustentabilidade, que o segmento tem alcançado.
“Precisamos falar para quem está fora desta sala. Precisamos levar isso para fora do país, sob o risco de perdermos a partida por “WO”, ou seja, perdermos sem ao menos participar do jogo. Isso é o que me angustia”, afirmou Guilherme Nastari, diretor da DATAGRO, em participação no painel “O Papel do Etanol na Transição Energética”, durante o 16º Congresso Nacional da Bioenergia, da União Nacional da Bioenergia (UDOP), realizado nos dias 5 e 6 de julho, em Araçatuba – SP.
Para Mário Campos, presidente do Fórum Nacional Sucroenergético (FNS), a transição já está acontecendo. “O Brasil tem um papel muito importante neste processo. Não só pelo que já fez, mas pelo que poderá fazer. Quem vai construir esse caminho que está aberto nessa transição somos nós, do setor; não devemos esperar direcionamento do governo”, disse.
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Campos citou o RenovaBio como exemplo de construção conjunta. “O programa foi uma construção do governo com o nosso setor. Portanto, é importante que caminhemos de uma forma conjunta, a fim de evitar atritos, citando, ainda, a produção do etanol de milho, que vem crescendo em todo o país.
Para o presidente da UDOP, Hugo Cagno Filho, o etanol é a grande fonte mundial de energia do futuro. “Não acredito em carro elétrico. O que eu acredito é em transformação do etanol em hidrogênio; esse é o futuro do mercado. Precisamos de um apoio mais forte do governo. Não é o preço que vai ditar o consumo entre gasolina e etanol, e sim a necessidade de termos um país, um continente mais limpo. É isso que acho que é importante”, ressaltou o presidente da UDOP.
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De acordo com Nastari da DATAGRO, o setor sucroenergético vive um momento de maior reconhecimento internacional. “Estamos vivendo um processo de revitalização das indústrias de açúcar através do etanol. O Brasil tem um case de energia sustentável, da mais limpa, servindo de modelo para outros países, a exemplo da Índia e de países do sudeste asiático”, disse.
Nastari também falou sobre a capacidade de diversificação do setor: “a participação da nossa indústria nos programas de modernização de energia em várias cadeias produtivas, a exemplo do SAF (combustível de aviação), e a reorganização do transporte marítimo. Se a gente convertesse 100% do bunker em hidrogênio e etanol, seria equivalente a uma nova demanda de cinco vezes mais do que nós produzimos hoje”, afirmou.
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Quem também seguiu nessa linha foi Cid Caldas, coordenador Geral de Cana-de-açúcar do Ministério da Agricultura (MAPA). “Não apenas na questão do etanol, o setor tem amplas oportunidades de investimentos e uma infinidade de mercados para serem atingidos com o biogás e o biometano”, disse.
O gerente de Relações Governamentais e Assuntos Técnicos da Toyota do Brasil, Gustavo Guimarães Noronha, explicou que a montadora desenvolveu mundialmente quatro tecnologias: “temos o híbrido que não precisa ir na tomada; o híbrido que precisa ir na tomada; o carro elétrico e o carro célula de combustível com hidrogênio. São as tecnologias que desenvolvemos para trabalhar na descarbonização. E, para saber qual é a mais viável para cada país, analisamos a questão da sustentabilidade, qual é a mais prática e se ela é acessível. Para o Brasil, o mais viável, no momento, é o híbrido flex, que consegue unir o biocombustível, a biomassa à eletrificação. Estamos também trabalhando com o conceito do poço à roda”, informou Noronha.
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A coordenadora do Programa de Pesquisa em Bioenergia BIOEN – FAPESP, Glaucia Mendes Souza, destacou o avanço no setor de pesquisas. “No sul global, ocupávamos a 19ª posição e, recentemente, aparecemos na quarta colocação, um importante avanço”, afirmou.
Para a chefe adjunta de Inovação e Negócios da Embrapa Agroenergia, Patrícia Verardi Abdelnur, a Embrapa tem trabalhado em duas vertentes para melhorar a produtividade da cana, que são os Organismos Geneticamente Modificado (OGMs) e a edição gênica.
“Fechamos uma parceria com o CTC. Também temos algumas pesquisas em bioinsumos, nematicidas. No período pós-pandemia, as usinas têm nos procurado muito em busca de novas tecnologias”, informou.
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Flávio Castellari, diretor Executivo da APLA (Arranjo Produtivo Local do Álcool), também engrossa o coro dos que afirmam que o etanol terá um papel fundamental na transição energética.
“É importante entender que não haverá uma única solução que irá resolver a questão energética, e sim várias soluções com aplicações regionais. Tenho visto muitos países parecidos com o Brasil em condições de utilizar produtos de biomassa de uma forma eficiente e com baixo custo. São quase 3 bilhões de pessoas que vivem na África, América Latina, sul da Ásia, que vão precisar de algum tipo de combustível e de energia que sejam produzidos localmente, o que também vai garantir a segurança energética”, afirmou Castellari.
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Paulo Montabone, diretor da FENASUCRO&AGROCANA, que também prestigiou o evento, destacou a importância de eventos como este congresso da UDOP, lembrando que, entre os dias 15 e 18 de agosto, será realizada a 29ª edição da FENASUCRO&AGROCANA – no Centro de Eventos Zanini, em Sertãozinho-SP –, única feira do mundo exclusivamente voltada à cadeia de bioenergia e que, nesta edição, destaca a transição energética global com foco na sustentabilidade, em biocombustíveis e energias limpas.
“Serão 70 mil metros quadrados de exposição, com a presença de mais de 800 marcas, que apresentarão equipamentos, serviços, soluções, novas tecnologias e tendências para o setor”, informou Montabone, que estava acompanhado por Rosana Amadeu, presidente do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (CEISE Br), entidade responsável pela realização da feira em parceria com a RX Brasil.
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“É um prazer estar aqui para vivenciar este momento de networking, de conteúdo, de inovação e tudo que a gente tem de melhor no setor de bioenergia e essa vivência da transição dos combustíveis fósseis para a nova pegada de combustíveis renováveis e em linha com essa dinâmica dos pilares do ESG, a fim de que a gente possa, efetivamente, uma contribuição efetiva com meio ambiente para o nosso planeta”, disse Rosana sobre o congresso, aproveitando a ocasião para convidar a todos a participarem da FENASUCRO&AGROCANA 2023.