Uma solução inicialmente voltada para ampliar a segurança, o vídeo monitoramento vem sendo apontado como importante aliado na melhoria da qualidade e eficiência na logística do CTT, uma operação crítica que representa cerca de 28% do custo da tonelada da cana-de-açúcar e 10% de cada saca.
“Além da questão de segurança através da identificação de fadiga, distração uso de celular, a partir dos vídeos começamos a perceber outros erros dentro da operação”, afirma André Duarte Teles, da Viterra Bioenergia, ao comentar sobre a implantação do sistema de videomonitoramento na frota de veículos da usina, durante evento Move Sucroenergéticos, realizado recentemente, em Ribeirão Preto – SP.
O encontro promovido pela Trimble Transportation Latam, área da companhia global de tecnologia que cria soluções para transporte e logística, foi marcado pela troca de experiências e o debate sobre tendências no transporte de cargas do setor sucroenergético.
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Durante o encontro, Teles da Viterra, contou que iniciou a implantação do monitoramento no ano de 2020, inicialmente com a frota de veículos pesados e gradativamente foram aplicados nos demais veículos. “Agora estamos startando o projeto nas máquinas de colheita e linha amarela. A princípio o plano é fazer 100% das colhedoras. Estamos com um piloto em quatro equipamentos, já há alguns meses, e estamos colhendo frutos deste trabalho. Finalizando as colhedoras, vamos para o transbordo, até 100% da nossa frota estar contemplada com o videomonitoramento”, disse Teles.
Elias Nascimento, gerente de operações agrícolas na Budel Transportes, apresentou um exemplo prático de como o uso da tecnologia Trimble ajudou a diminuir o registro de acidentes na frota. A adoção da tecnologia foi complementada por um trabalho detalhista de análise, que envolveu também a contratação de uma psicóloga.
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“Chegamos a fazer visita na casa do motorista, para ver quais condições ele tinha para dormir, se o ambiente era ventilado, se tinha barulho, se a esposa desenvolve alguma atividade em casa que interfere na qualidade do sono. Com isso, verificamos que a troca de turno era uma solução prática que fez os índices de fadiga do motorista mudarem. Assim protegemos nosso patrimônio, o humano”, conta.
Uma mesa redonda debateu os impactos de um acidente na operação canavieira com participação de Fernando Correia, da Andrade Logística e Marcelo Pelegrineli, da LOTS Group.
“A gente previne acidentes com tecnologia, que vai nos dar um panorama muito detalhado do que aconteceu em cada caso, mas também com processos e pessoas”, contou Fernando, da Andrade Logística, que saiu de um quadro 25 infrações para 1.7 por cada mil quilômetros rodados após a adoção de tecnologia em sua frota. Sua empresa atende usinas do setor, entre elas, a Raízen.
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“O impacto é imensurável. Além de lidar com vidas, existem outros desdobramentos de um acidente. A imagem da companhia e a responsabilidade social dela passam pelo trabalho de evitar estes casos”, disse Marcelo, da LOTS Group.
O uso da Inteligência Artificial embarcada nos veículos foi um dos pontos discutidos no evento. Com o uso do recurso, o gestor de frotas consegue ter um retorno em tempo real da operação e depois categorizar os dados gerados de acordo com os seus objetivos em diferentes filtros, para um retrato detalhado das ocorrências.
Esse foi o tema da palestra de Sergio Martins, da Usina Cocal. “A evolução é muito grande. Passamos de 10 tombamentos para quatro e depois para um ao ano. A tecnologia é ferramenta primordial para avaliação de uma ocorrência. Além de tratarmos o caso junto ao nosso RH, a ferramenta ajuda a termos o histórico pela telemetria”, disse Martins.
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Já Paulo Nazareth, da Tereos, abordou as perspectivas para a operação sucroenergética em 2023. O principal ponto explorado durante sua fala no evento foi sobre como o uso de dados impacta na produtividade.
“Quando você tem tecnologia, ela gera dados para você. Com ela você não precisa contar em ter um tempo a mais para fazer um retrabalho. Toda a análise da operação, saber quais motoristas têm melhor desempenho, os custos, tudo está em uma central”, disse.
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Cassio Gomes, da IB Logística exibiu uma análise em BI que abordou boas práticas e gestão sustentável no setor. “Todo o trabalho para redução de acidentes passou por mudar a mentalidade da gestão até chegar na ponta, com a redução no quadro de índice de fadiga”, disse ele, que mostrou a redução destas ocorrências na empresa, a partir do uso da tecnologia.
Rogério Perugini, gerente de vendas na Trimble Transportation, ressaltou que a adoção da tecnologia para produzir dados que embasam a tomada de decisões é uma tendência para empresas que querem se projetar entre as mais competitivas no mercado.
“O uso de dados para basear decisões não é algo do futuro. É algo do agora e as principais empresas já aprenderam que é um investimento necessário. Reduzir acidentes e ocorrências é uma combinação de tecnologia, processo e cultura da empresa”, concluiu Perugini.