Arnaldo Jardim*
Os recursos previstos para o Plano Safra 2018/2019 estão praticamente acabados, algumas linhas já estão totalmente esgotadas. Há a necessidade de rapidamente injetar mais recursos nestas linhas. O aquecimento do setor de vendas de máquinas agrícolas trouxe ao governo federal o desafio de liberar mais recursos para o financiamento desses veículos.
O setor produtivo agropecuário e o setor de equipamentos estão reivindicando ao Executivo nacional essa atenção especial para nossos produtores rurais continuarem batendo recordes em sua atividade.
A demanda por mais crédito é uma boa notícia porque demonstra que nosso setor, mais uma vez, em mais uma frente, é virtuoso e pujante. Alavanca a atividade econômica brasileira ao mesmo tempo em que produz alimentos de qualidade para o mundo todo e preserva o meio ambiente.
É vital a liberação de novos recursos para programas como o Moderfrota. Os R$ 8,9 bilhões inicialmente disponibilizados já estão quase que totalmente comprometidos (cerca de 60%), trazendo essa necessidade de suplementar este valor. Nos primeiros seis meses do ano-safra (julho a dezembro de 2018), o Moderfrota desembolsou R$ 5,2 bilhões, 45,5% a mais do que no mesmo período do ano-safra passado.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) já solicitou a complementação ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), comandado pela ministra Tereza Cristina, que faz parte do nosso setor e é sensível às demandas dele. A ministra, que quando presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) foi chave para que tivéssemos um bom Plano Safra, sabe desta necessidade e está trabalhando para isso.
Caso não haja essa liberação, o que acredito que não ocorrerá dada a proximidade da ministra com a cadeia produtiva, os preços dessas máquinas serão elevados pela acumulação de estoque nas fábricas, como já alertou a Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Além disso, os produtores não terão condições de modernizar seus equipamentos.
Esperamos sensibilidade do ministro da Fazenda, Paulo Guedes, e da área econômica do governo, que deve ter um olhar em perspectiva para perceber que este crédito suplementar é algo extremamente positivo. Ele é uma demanda a ser comemorada, oriunda de números animadores divulgados pela Anfavea: as vendas de máquinas superaram as estimativas das fabricantes e encerraram 2018 maiores que o esperado.
Segundo balanço anual divulgado pela Anfavea, o volume de equipamentos e maquinário agrícola e rodoviário chegou a 47,8 mil unidades, o melhor resultado desde 2014, representando um aumento de 12,7% sobre as 42,3 mil vendidas em 2017. Em sua última projeção para 2018 e divulgada em outubro, as montadoras esperavam um mercado 10,9% maior, com 47 mil máquinas.
Além disso, é preciso pensar também nos recursos para o próximo ano-safra, já que há previsão de novo aumento na demanda por produção de máquinas. A Anfavea projeta um índice de crescimento de 10,9%, o que representará em torno de 53 mil equipamentos.
É um aquecimento da atividade que reflete ainda na geração de empregos. Em dezembro de 2017, o número de postos de trabalho no segmento de máquinas agrícolas no País era de 18.365. Em dezembro passado, este número subiu para 19.408 vagas preenchidas.
Esse aquecimento no setor mostra que o produtor rural está fazendo sua lição de casa ao querer adquirir máquinas que trazem não apenas mais conforto por serem novas, mas carregam em si inovações tecnológicas que garantem uma maior produtividade – o que derruba o custo de produção, gera mais renda, mais empregos e mais saldos positivos na cadeia produtiva.
São recursos extremamente necessários dada a previsão otimista para a próxima safra. Levantamento da safra de grãos realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostra que a estimativa da produção para a safra 2018/19 é de 237,3 milhões de toneladas.
Se comparado com a safra passada, o crescimento deverá ser de 9,5 milhões de toneladas, o que representa aumento de 4,2% no volume. Toda essa produção precisa dessas máquinas para chegar ao consumidor final, com máquinas novas, mais modernas e que diminuem o custo de produção, que reflete em queda nos preços ao consumidor que, por sua vez, influi diretamente na inflação – uma das maiores preocupações atuais do governo federal.
Investir em programas como o Moderfrota é gerar um movimento que traz bons frutos não apenas no campo, mas também no bolso dos brasileiros e no orçamento da União. Esperamos e confiamos que o presidente Jair Bolsonaro atenderá esse pleito.
*Deputado Federal – PPS/SP