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ARTIGO: O debate que não houve
Arnaldo Jardim*
Passado o segundo turno das eleições, há a necessidade urgente do Brasil se reencontrar. É preciso substituir essa fase de debate acirrado, ataques virulentos, por um novo momento em que os substantivos surjam no lugar dos adjetivos.
Estou falando particularmente de uma discussão fundamental para o futuro, a retomada do crescimento econômico. O próximo presidente deve abrir mão de invenções mirabolantes e buscar resultados concretos. Priorizando enfrentar o flagelo de termos 13 milhões de desempregados, focar na geração de empregos.
É necessária atitude firme para controlar a dívida pública. Déficits que nos três últimos anos alcançaram cerca de R$ 170 bilhões/ano.
Em setembro, o emprego formal cresceu 1,2% e o governo comemorou. Nesse ritmo, vamos levar mais seis anos apenas para voltarmos ao nível de emprego de 2014. O crescimento do número de pessoas ocupadas é de cerca de 1,1% ao ano; o dos salários, de 1,3% ao ano. O investimento em construções, máquinas e equipamentos caiu 27% nos últimos quatro anos.
A situação é grave e exige que o novo governo que, além do manual básico de primeiros-socorros para a nossa economia, vá além e defina o novo modelo econômico.
Daí virá a necessidade de definir quais são os setores mais dinâmicos, capazes de impulsionar um novo ciclo de desenvolvimento. E eu não tenho dúvida de que o setor agro tem aí um papel determinante.
Será peça-chave com seus recordes de exportação, que neste ano devem ultrapassar a cifra de US$ 200 bilhões. É o setor que apresenta números positivos de geração de emprego, transformando a realidade social do campo e impactando as cidades.
O saldo líquido de empregos gerados no campo teve em 2017 a maior expansão dos últimos cinco anos. O Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário cresce a cifras de 10% ao ano.
O novo governo federal precisa conhecer essa importância e apoiar o nosso setor. É necessário que o próximo presidente se comprometa a ajudar o agro a ter um Plano Safra plurianual, maior atenção para o seguro agrícola e apoio constante ao pequeno produtor e agricultor familiar. Garantir apoio à pesquisa e à inovação, alavancar o aumento da produtividade.
O governo deve ainda adotar uma proposta de Reforma Tributária que desonere exatamente segmentos intensivos em mão-de-obra e que permita a ampliação dos investimentos.
Suplementar uma profunda reforma do Estado. E o caminho que me parece óbvio é o de buscar um Estado mais enxuto, que reforce seu papel de regulador e por outro lado amplie as parcerias público-privadas e concessões para que daí ocorram novos investimentos.
Significa também definir como será tratada a questão do mercado interno e qual será nossa relação com o mercado externo, com que blocos econômicos vamos nos alinhar.
São premissas que caracterizam uma opção e moldam uma proposta para o País, uma estratégia para a volta do crescimento.
Debate que, infelizmente, não ocorreu no processo eleitoral, mas que é indispensável.
O presidente eleito deve apresentar suas iniciativas e ao Congresso eleito também cabe protagonismo.
Eu, com empenho e espírito público, vou trabalhar intensamente para isto.
*Deputado Federal – PPS/SP