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Biocombustível de alimento cria problema moral, diz FMI

Os biocombustíveis criam um problema moral para a humanidade, e distúrbios ainda piores do que os das últimas semanas ainda devem ocorrer no mundo por causa do encarecimento dos alimentos, disse nesta sexta-feira, 18, o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Khan.

“Quando se faz biocombustíveis de produtos agrícolas não usados na alimentação, tudo bem. Mas quando se faz de produtos alimentícios, isso representa um grave problema moral”, disse Strauss-Khan à rádio Europe 1. Questionado se ele daria apoio a uma possível moratória aos biocombustíveis, o diretor disse: “Quando feitos de produtos alimentícios”.

De acordo com ele, os países precisam encontrar um equilíbrio entre o combate aos problemas ambientais e a necessidade de garantir alimentos para todos.

O uso de terras para a produção de matérias-primas para biocombustíveis é um dos motivos para a alta global no preço dos alimentos –junto com fatores climáticos, a demanda na Ásia e o aumento do preço do petróleo–, o que nas últimas semanas gerou protestos no Haiti, na Indonésia e em vários países da África. “Em termos de distúrbios relacionados aos alimentos, o pior infelizmente ainda está pela frente”, disse Strauss-Khan. “Centenas de milhares de pessoas serão afetadas.”

O dirigente disse ser essencial mobilizar recursos rápidos para ajudar os países famintos. Em curto prazo, segundo ele, tal ajuda poderia vir do Programa Mundial de Alimentos da ONU, mas essa solução seria provisória, já que a destinação de verbas para a compra de alimentos não mudaria, por exemplo, a quantidade de trigo disponível no mundo. “É necessário, portanto, aumentar a produção agrícola”, concluiu Strauss-Khan.

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, também entrou nesse debate, dizendo que a atual crise pede não só uma resposta imediata, mas também uma estratégia ambiciosa de apoio à agricultura. Em discurso numa conferência ambiental, Sarkozy disse que vai propor uma parceria global para a alimentação e a agricultura, com maior coordenação entre as instituições financeiras, os governos e o setor privado.

Ele acrescentou que neste ano a França pretende dobrar para 60 milhões de euros (US$ 100 milhões) a verba que destina à ajuda alimentar para países pobres.

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