Gestão Administrativa

Chegou o momento de se investir no capital humano

Especialistas apontam a capacitação de mão-de-obra como saída para aumentar a produtividade

Chegou o momento de se investir no capital humano

Mesmo longe de superar os desafios impostos pela mecanização da colheita, os produtores de cana precisam investir em novas tecnologias, se quiserem atingir a meta de reduzir os custos ao mesmo tempo em que se aumenta a produtividade.

Para os especialistas Dib Nunes Jr, presidente do Grupo Idea, e Luiz Carlos Dalben, da Daplan Consultoria, a solução consiste em errar menos. E para errar menos, mais do que em máquinas e equipamentos, o fundamental é investir na capacitação da mão-de-obra.

Os profissionais participaram do evento “Encontro de Milhões” – a união do tradicional Seminário de Produtividade e Redução de Custos à 2ª edição do Nova Agricultura Canavieira, promovido pelo Grupo Idea, no último dia 9, em Ribeirão Preto – SP.

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Dib Nunes Jr

“Precisamos de pessoas capacitadas para usar, tanto tecnologias antigas que ainda são válidas, como as novas”, defende Luiz Carlos Dalben, que atribui à motomecanização, 70% do custo de produção da cana.

“Temos que lembrar que nós temos pessoas que comandam toda essa tecnologia. Por isso, credito aos erros operacionais, grande parte da nossa perda de produtividade”.

Dalben também alerta para um acompanhamento mais próximo por parte dos gestores.

“As pessoas não observam mais o que tem que ser visto. Se a gente não andar diariamente no canavial, só vamos ver o formigueiro depois que ele comeu a cana. A meninada que está nos substituindo tem que acompanhar as coisas mais de perto, afinal cortar custos é como cortar unha. Você corta e ela continua crescendo, e você precisa cortar novamente, e assim vai. Então é preciso adequar os nossos custos para aquilo que nós pretendemos com a nossa cultura”, alertou,

Para Dib Nunes Jr, por mais incrível que pareça, as usinas ainda precisam se adaptar à mecanização. “Nós perdemos produtividade, todo mundo sabe. E não é segredo para ninguém que tivemos um aumento brutal de custo”, afirmou.

Dib lembrou que desde 2009 o índice de mecanização vem subindo e está próximo de 100%, porém, o teor de ATR caiu. “Hoje temos uma cana mais suja, com mais impurezas, principalmente, embora seja importante esclarecer, que a mecanização é apenas um dos problemas”, disse.

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Luiz Carlos Dalben

O presidente do Grupo Idea ressaltou ainda que a produtividade dos canaviais foi muito afetada. E o patamar que era bem mais alto, despencou em média de 9 toneladas por hectare.

“As baixas margens de lucro e o alto endividamento obrigou o setor a fazer uma profunda reflexão visando a redução dos custos de produção. Temos que melhorar, e já que não podemos dominar a chuva, temos que dominar a tecnologia, a operação, as perdas”, salientou.

Para ele, o setor passa por um momento bastante difícil, porque cada vez se vê mais pessoas preocupadas em gerenciar lavouras atrás de computador, atrás de uma tela. Ambos palestrantes frisaram a necessidade de usar sempre a agricultura de “andação”, ou seja, ir até a lavou para ver o que está acontecendo. “Esse é um alerta e todo mundo sabe, mas ninguém gosta de sair de sua zona de conforto”, afirmou.

Dib ressalta que tudo isso está interferindo no resultado final das usinas, com significativas quedas nos valores de ATR e de produtividade agrícola, e o pior, com o aumento dos custos de produção. Além disso, o problema se estende para dentro da indústria, onde a redução na extração e o excessivo desgaste dos componentes da fábrica são muito expressivos, fato esse que já foi detectado pelo aumento dos gastos com manutenção industrial e redução da vida útil de equipamentos e peças.

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Dib Nunes Jr

“Há visíveis prejuízos em moendas, bombas, dutos e, principalmente, nas caldeiras afetadas pelo cloro, enxofre e sílica, que vêm das impurezas”, relatou.

Na área agrícola, há ainda outros prejuízos relacionados à redução nas densidades de cargas no transporte de cana e com o aumento do custo da tonelada colhida pelas colhedoras que, em sua grande maioria, trabalham fora das especificações dos fabricantes, com sobrecarga de potência e velocidade, levando a um maior número de quebras e paradas frequentes.

Dib também destacou a importância do investimento em novas variedades de cana. “O produtor fica lá com a mesma variedade a vida inteira. É preciso fazer um estudo local de variedades e é muito importante pedir auxílio para os institutos de pesquisa”, disse.