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Açúcar: Preços reagem à entrega e curto prazo segue confortável

Os preços foram corrigidos em resposta à melhora na percepção do mercado com relação à disponibilidade da Índia e da Tailândia em 2023/24

(Foto Freepik)
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À medida que nos aproximamos do fim do contrato de março, começamos a observar movimentações nos preços, refletindo as mudanças no mercado. Na última semana, houve uma correção à medida que a confiança na disponibilidade de açúcar da Índia e da Tailândia para 2023/24 melhorou.

Segundo análises da hEDGEpoint Global Markets, as estimativas de produção permanecem estáveis, porém, já eram mais otimistas do que a média. Observa-se um potencial saudável de estoque na Índia, dadas as tendências de moagem e os preços internos em queda. Entretanto, a expectativa é de que não haja autorizações de exportação. Quanto à Tailândia, apesar dos indícios de uma safra menor, a produção ainda segue um ritmo forte, embora haja sinais de final de temporada em algumas regiões.

“Mantivemos nossas estimativas inalteradas, mas observamos que já estávamos mais otimistas do que a maioria, com quase 32 milhões de toneladas para a Índia (31,85 milhões de toneladas) e 8,2 milhões de toneladas para a produção da Tailândia. Com relação à Índia, os números da moagem e a diminuição dos preços internos sugerem que o país terá uma quantidade saudável de estoques este ano. Obviamente, continuamos convictos de que não haverá permissões de exportação durante esta temporada. Ainda assim, se for extremamente necessário para evitar o colapso dos preços, o único movimento que vemos que o governo pode se sentir confortável em fazer é permitir um desvio adicional para o etanol”, explica Lívea Coda, analista de Açúcar e Etanol da hEDGEpoint Global Markets.

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De acordo com a analista, em termos de Tailândia, a moagem no país sugere uma quebra de safra em comparação com o ano anterior. No entanto, o ritmo continua forte, com mais de 1 milhão de toneladas moídas diariamente. “Alguns podem argumentar que isso poderia até sugerir um volume de produção maior do que nossa estimativa atual, mas devemos permanecer cautelosos – a Região Central e o Nordeste já estão mostrando sinais de fim de temporada”, ressaltou.

Essas informações não geraram grande entusiasmo nos fundos para investimento. Os últimos dados do CFTC mostram uma variação líquida de -22.700 lotes, levando o posicionamento total a quase 11 mil lotes comprados – o nível mais baixo desde 9 de janeiro.

“Os contratos em aberto são quase o dobro em comparação com o ano passado e 1,14 vezes maiores do que no ano anterior, quando o Centro Sul entregou mais de 1 milhão de toneladas. O maior ritmo de moagem durante o período de entressafra e a disponibilidade recorde sugerem a possibilidade de uma entrega substancial nesta semana, o que poderia atuar como um teto para os ganhos potenciais”, destaca Lívia.

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Apesar das especulações sobre uma safra menor na próxima temporada, o mercado de contratos futuros para maio não reagiu da mesma forma que março. Isso pode ser atribuído ao efeito da entrega no contrato de março, influenciando diretamente o spread H/K.

Segundo Lívea, “isso sugere que o conceito de produção reduzida está longe de ser um consenso ou de ser levado em conta nos preços”.

O clima continua sendo uma preocupação central, com incertezas sobre a melhoria das condições e o impacto irreversível do período de seca. No entanto, é cedo para determinar uma produção abaixo de 600 Mt para a região Centro Sul em 2024/25.

Em suma, os preços do açúcar bruto oscilaram em resposta às mudanças na percepção de mercado sobre a disponibilidade de Índia e Tailândia para 2023/24, enquanto a possível redução na produção do Centro Sul em março impulsionou os ganhos. O sentimento do mercado permanece cauteloso, refletido na relutância dos fundos em investir, mas a região Centro Sul continua sustentando um fluxo comercial equilibrado a curto prazo.