VW e Bosch aposentam tanque de partida a frio com Polo E-Flex

O VW Polo chegou a sua quinta geração na Europa. As vendas do novo carro começa em julho. No Brasil, o carro também deve mudar, mas só no ano que vem ou mais tarde. Enquanto isso, a marca alemã vai colocar seu modelo atual com a nobre tarefa de apresentar novas tecnologias (além de mantê-lo atrativo até o fim de sua vida). E a mais recente vinha sendo esperada há 30 anos. Trata-se do sistema E-Flex, que finalmente aposenta o tanquinho de partida a frio em veículos que também usam álcool.

Vendido a R$ 47,49 mil em uma série especial de mesmo nome, o sistema E-Flex pode dar partidas em veículos só com etanol no tanque até uma temperatura mínima de -5ºC, a temperatura mínima que pode ser registrada em território nacional. O pré-aquecimento do combustível, feito por câmaras que ficam antes dos bicos injetores, também ajudam o carro a rodar melhor em situações de motor ainda não aquecido, logo depois da partida.

O sistema de aquecimento, elétrico, não utiliza resistências elétricas comuns, mas sim um material com PTC (Positive Temperature Coeficient, ou coeficiente positivo de temperatura), que age de maneira semelhante às resistências, gerando calor por meio de uma corrente elétrica.A vantagem é que ele é mais resistente e duradouro. Segundo a Bosch, o material tem uma vida útil de, no mínimo, dez anos.

Além do sistema de gerenciamento da injeção do veículo, chamado de ECU (Electronic Control Unit, unidade de controle eletrônico), agora há também o HCU (Heat Control Unit, ou unidade de controle de calor), que ajusta a temperatura necessária do combustível para uma partida mais tranquila. O álcool pode ser aquecido a uma temperatura de até 120ºC, o que também torna a queima mais eficiente e tende a ajudar no consumo. Tudo, evidentemente, depende do pé do motorista.

Como funciona?

Ao contrário do que pode parecer, a vantagem de não ter mais de se preocupar em abastecer o tanquinho de combustível com gasolina traz um ônus. O processo para ligar o carro é diferente e um pouco mais longo, semelhante ao de carros a diesel.

Funciona assim: o motorista vira a chave para a posição “on”. Com isso, o painel se acende e aparece uma luz que se parece com uma resistência ou uma mola com os elos separados. A partida só pode ser dada quando essa luz se apagar, mas não é só isso. Além de a luz se apagar, o motorista também tem de pisar na embreagem.

Se não pisar, ou se tentar ligar o carro de uma vez, nada acontece. Quando a chave volta à posição “on”, ela trava. É preciso desligar o carro, colocar novamente em “on” e seguir o procedimento: esperar a luz se apagar e apertar o pedal da embreagem. Se isso for feito, basta um toque na partida que o carro se liga sozinho. Não é preciso insistir.

Se elimina o aborrecimento de abrir e fechar o capô nas visitas ao posto de abastecimento, o sistema corre o risco de ser visto como outro aborrecimento pela demora na partida. Risco pequeno, diga-se. No caso mais extremo, com -5ºC, a luz se apaga em apenas 12 s. É menos tempo do que se gastava tentando fazer o carro pegar. Quando ao procedimento, ele acaba se tornando automático, ainda mais para quem tem o costume de ligar o carro só com o pedal da embreagem pressionado, útil para evitar trancos se a transmissão estiver acidentalmente engatada.

Como já dissemos, o Polo E-Flex é uma série especial. Será uma forma de a VW avaliar se o sistema é bem aceito pelo público antes de oferecê-lo em outros modelos sem grandes riscos, além de verificar se ele é confiável também em campo e não apenas nas bancadas de teste. Para quem topar ser pioneiro, a recompensa pode ser grande.

O E-Flex vem com ar Climatronic e I-System de série, o que tende a torná-lo um modelo bem valorizado no mercado de usados. Especialmente se o E-Flex funcionar direitinho. Mesmo que isso não aconteça, o Polo E-Flex já tem valor desde já como um modelo histórico. Como bem disse o jornalista José Roberto Nasser, nele está a profissionalização do uso do álcool, já que os tanquinhos eram uma solução paliativa, mantida por tempo demais. Agora, ela parece ter chegado a seu merecido descanso.