JornalCana

Volume exportado em 2006 tem menor alta em dez anos

Afetada especialmente pelo câmbio desfavorável, a quantidade de bens exportados pelo país no ano passado registrou a menor variação em dez anos, segundo dados da Funcex (Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior).

A expansão do índice que aponta a quantidade vendida (quantum) ficou em 3,3% em 2006, em tendência de queda no ritmo iniciada há dois anos. Em 2005, o volume subiu 9,3%, e, no ano anterior, 19,2%.

A desaceleração eleva a dependência das exportações do país ao fator preço e ajuda a explicar a tendência de perda de fôlego verificada também no total das vendas ao exterior.

No ano passado, o país totalizou US$ 137,47 bilhões em exportações, expansão de 16,2% em relação a 2005, quando o aumento atingiu 22,6%.

Já o índice de preços das exportações cresceu 12,5%.

Essa perda de ritmo tem se revelado mais acentuada em bens manufaturados e semimanufaturados, que, no país, costumam ser mais sensíveis ao câmbio, por razões como custos de produção e demanda externa. Já produtos básicos revelam estabilidade no aumento da quantidade negociada.

O volume exportado de bens manufaturados cresceu só 2,1% no ano passado, ante 11% em 2005 e 26,1% em 2004.

“Estamos cada vez mais dependentes das commodities. O ideal seria diversificar a pauta [de produtos vendidos], mas o câmbio não ajuda”, diz José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).

A desaceleração na quantidade só não foi maior devido ao crescimento em alguns bens, como álcool etílico, cujo índice de quantum subiu 31,3% em 2006. É o que pode levar também a uma recuperação neste ano, na avaliação de Carlos Urso, da LCA Consultores.

Ele prevê que o quantum suba 5,6% neste ano. Além do álcool, ele cita derivados do ferro como produtos que devem causar a alta, até devido a uma base favorável. No primeiro semestre de 2006, a paralisação da produção de um alto-forno da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) afetou as vendas.

A recuperação, porém, não é consensual entre analistas. Guilherme Loureiro, da consultoria Tendências, diz projetar um “cenário de continuidade da desaceleração do quantum e de arrefecimento do preço, que não deve ter neste ano o mesmo efeito [nas vendas ao exterior] que em 2006”.

Segundo ele, um equilíbrio maior na relação entre oferta e demanda e uma expansão menor no comércio mundial podem levar a tais cenários.

Nos semimanufaturados, a desaceleração na quantidade tem sido compensada pelo preço, mas o efeito é limitado para os manufaturados, cujo ritmo de alta nas vendas totais caiu de 23% para 14,7% em 2006

Inscreva-se e receba notificações de novas notícias!

você pode gostar também
Visit Us On FacebookVisit Us On YoutubeVisit Us On LinkedinVisit Us On Instagram