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Vinhaça da cana ajuda a gerar microalgas e biocombustíveis. Entenda mais em 10 informações

Fertirrigação em área canavieira: reforço de vinhaça (Foto: USP/Divulgação)

A vinhaça, subproduto da cana-de-açúcar, é ‘peça’ fundamental para gerar microalgas produtora de matéria-prima para biocombustíveis.

A identificação das microalgas é da Embrapa Agroenergia (DF).

JornalCana listou 10 informações sobre o assunto. Confira:

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O que é?

Pesquisadores identificaram espécies de microalgas que podem ser cultivadas em resíduos líquidos de processos de agroindústrias, os efluentes.

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O que podem resultar?

Esse cultivo pode gerar matéria-prima renovável para biocombustíveis, rações, cosméticos e vários outros produtos.

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Como se dá o cultivo?

Por meio de efluentes. Nos estudos da Embrapa, os efluentes empregados foram a vinhaça (subproduto da cana-de-açúcar) e o Pome (palm oil mill effluent), que é gerado no processamento do dendê.

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Mais valor agregado

A vinhaça é aproveitada hoje para fertirrigar os canaviais. Mas ela pode produzir microalgas e, assim, agregar valor às cadeias produtivas da cana, gerando mais biomassa para obter energia e bioprodutos.

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Microalgas

Elas são organismos unicelulares e microscópicos que vivem em meios aquáticos e têm uma característica curiosa: embora não sejam plantas, são capazes de realizar fotossíntese e se desenvolver utilizando luz do sol e gás carbônico. Elas se reproduzem muito rapidamente, gerando grandes quantidades de biomassa em pouco tempo.

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Produtividade

A produtividade pode ser de dez a 100 vezes maior do que os cultivos agrícolas tradicionais. Isso chamou a atenção de setores que necessitam de grandes quantidades de matéria-prima, como o de biocombustíveis.

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Valiosos

Ao mesmo tempo, os óleos produzidos por algumas espécies quase sempre contêm compostos muito valiosos como, por exemplo, Ômega 3 e carotenoides. Por isso, elas também encontram espaço em indústrias que atendem nichos de mercado e pagam mais caro por matérias-primas com propriedades raras. É o caso dos cosméticos e dos suplementos alimentares.

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Na prática 

Já existem pelo menos quatro empresas no Brasil produzindo microalgas: duas no Nordeste, com foco em nutrição humana e animal, e outras duas no interior de São Paulo, já atendendo indústrias de cosméticos e rações, ou projetos para tratamento de efluentes. Contudo, há ainda muito que avançar no conhecimento e desenvolvimento de tecnologias para impulsionar o setor. A redução do custo de produção é uma das principais preocupações, principalmente quando se quer alcançar mercados que necessitam de grandes volumes e preços baixos, como é o caso dos biocombustíveis.

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Riqueza em nutrientes

A vinhaça é rica em nitrogênio, fósforo e potássio (NPK), nutrientes tão necessários às microalgas quanto às plantas. Se, por um lado, a concentração de nutrientes favorece o crescimento dos organismos, por outro a coloração escura dificulta a passagem de luz, sem a qual não há fotossíntese. Para minimizar esse problema, a equipe da Embrapa Agroenergia utilizou métodos de clarificação química de baixo custo ou simplesmente diluiu a vinhaça em água. Outro desafio associado à vinhaça é a elevada carga de material orgânico. Ela favorece a proliferação de bactérias e leveduras, que se tornam contaminantes no meio de cultivo e prejudicam o crescimento das microalgas.

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Carga orgânica

As duas espécies selecionadas pela equipe da Embrapa Agroenergia são mixotróficas. Isso quer dizer que elas realizam fotossíntese, mas também utilizam a matéria orgânica da vinhaça para crescer. Elas não chegam a reduzir significativamente essa carga orgânica e, por isso, não podem ser utilizadas isoladamente para tratamento do efluente. No entanto, isso pode ser bom porque permite que a vinhaça ainda seja usada para fertirrigação dos canaviais após a retirada das microalgas.

Fonte: Embrapa Agroenergia

Conhece a TerraVia?

Uma das empresas que se tornou referência no tema microalgas é a TerraVia, que até março de 2016 chamava-se Solazyme.

Com origem na região do Vale do Silício, nos Estados Unidos, a companhia estabeleceu sua unidade de produção no Brasil, numa joint venture com a Bunge.

A biofábrica está associada a uma usina sucroalcooleira, em Orindiúva (SP), porque a espécie de microalga com que trabalha não realiza fotossíntese, mas alimenta-se de açúcar.

O diesel e o combustível de aviação obtidos a partir do óleo dessa microalga, o Soladiesel e o Solajet, eram destaque entre os produtos oferecidos pela tecnologia da empresa, mas isso mudou junto com o nome, justamente por causa de valor de mercado.

“Esses mercados podem se tornar maiores e rentáveis no futuro e ainda são ativos valiosos para nós. Porém, com os níveis de preços atuais do barril de petróleo, biocombustíveis nesse momento não são o principal driver econômico para nós”, revela o presidente da joint venture TerraVia / Bunge, Walfredo Linhares em texto de Vivien Chies, da Embrapa Agroenergia.

Segundo o executivo, a empresa está voltada, agora, exclusivamente para alimentos, nutrição animal e ingredientes especiais para o mercado de cuidados pessoais. Empresas como Natura, Nestlé e Unilever já utilizam ou vão utilizar, em seus produtos, óleos e compostos originários das microalgas cultivadas em Orindiúva.

 

 

 

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