JornalCana

Vendas de combustíveis devem crescer em 2004

O consumo de combustíveis no país deverá aumentar em 2004, levando a uma recuperação dos níveis de consumo, que registraram forte queda no ano passado. Esta pelo menos é a expectativa do vice-presidente executivo do Sindicato Nacional das Distribuidoras de Combustíveis (Sindicom), Paulo Borgerth. “Estamos otimistas. Todos os cenários para 2004 são positivos. O Produto Interno Bruto (PIB) deverá crescer entre 3,5% e 4%, com uma acelerada na economia que deve movimentar o mercado de óleo diesel puxado principalmente pela agricultura.”

Mesmo assim, ele explica que não espera uma recuperação tão rápida das vendas de gasolina quanto do diesel, já que a queda nas vendas de gasolina – em grande parte provocada pela perda de renda familiar e a queda da atividade econômica – não deve ser revertida com a mesma rapidez. Isso porque ao contrário do diesel, que move as máquinas agrícolas, o aumento da renda demora mais a aparecer no mercado de gasolina. Já as perspectivas para o Gás Natural Veicular (GNV) são melhores.

“O mercado de gás deve ter um crescimento acima da curva, com crescente aumento do número de postos”, prevê Borgerth.

A expectativa do gerente executivo de planejamento da BR Distribuidora, Celso Braga, é de que a venda de combustíveis em 2004 supere as do ano que passou, devendo se igualar ao de 2002. O ano de 2003 foi atípico para o setor, com queda generalizada nas vendas de combustíveis puxada pela queda da atividade econômica e o aumento do desemprego, que reduziram a renda familiar. A estimativa preliminar do Sindicom é de queda de 6,1% no consumo de gasolina; de 17,6% no álcool e de 3,9% no diesel no ano passado. A exceção é o GNV, cujas vendas devem ter crescido 25% em 2003, performance que deve continuar neste ano.

Para 2004, a BR – empresa com maior participação no mercado – espera crescimento geral nas vendas, com exceção do óleo combustível, cujos volumes de comercialização devem cair entre 3% e 5% em relação a 2003. “O óleo combustível ainda tem espaço para ser deslocado pelo gás natural e o coque”, explica Celso Braga, da BR.

Para os demais, a estimativa da BR é de crescimento de 3,5% a 4% nas vendas de GNV e óleo diesel; de 4% a 5% no álcool; e 2,5% a 3% na gasolina. A melhora já foi sentida no final de 2003. O presidente da BR Distribuidora, Rodolfo Landim, disse que melhoraram as vendas em outubro e, principalmente, dezembro. No último mês do ano a BR vendeu 4% mais do que em dezembro de 2002, o que Landim atribuiu, em grande parte, ao aumento do volume de vendas de álcool, produto que é adicionado à gasolina A.

O “efeito álcool” foi notado por todas as distribuidoras filiadas ao Sindicom. Mas essa melhora da performance tem razões tributárias: em dezembro o Estado de São Paulo reduziu de 25% para 12% o ICMS sobre as vendas de álcool, o que, segundo Paulo Borgerth, reduziu drasticamente a informalidade, o que se pode traduzir como redução da sonegação. Um dado lembrado pelo executivo do Sindicom é que 45% a 50% do mercado de álcool não aparecia nas estatísticas da Agência Nacional do Petróleo (ANP). “Para surpresa nossa, essa decisão ousada do governo de São Paulo já dobrou o volume da formalidade”, comemora o vice-presidente do Sindicom.

Segundo dados apurados pelo Sindicom, as vendas de álcool saltaram de 13 milhões de litros para 25 milhões de litros no período de 15 dias antes e depois da redução do ICMS em São Paulo.

Na BR, a venda de álcool aumentou cinco vezes em dezembro, o que também tem efeito positivo sobre a gasolina. Isso porque muitos postos com contrato de exclusividade com a BR estavam praticando compra casada de álcool mais barato (porque não pagava imposto) com gasolina do mesmo fornecedor, o que estava impactando as vendas da distribuidora. “Acabar com o mercado informal de álcool é duplamente importante porque além de aumentar as vendas de álcool, reduz a venda casada”, explicou Landim.

Já para a Petrobrás, que detém 98% do mercado de refino, as perspectivas são de manutenção dos bons resultados. “A previsão é manter a estabilidade dos preços dos combustíveis”, adiantou o presidente da Petrobrás, José Eduardo Dutra, já que a perspectiva é de estabilidade nos preços do petróleo e derivados no mercado internacional em 2004.

Até setembro, a companhia registrou lucro recorde de R$ 14,7 bilhões o que segundo relatório do Centro Brasileiro de Infra Estrutura, se deveu a uma combinação de fatores: preço médio do barril de petróleo em US$ 29 ao longo de 2003, aumento de 4% da produção interna e manutenção dos preços do diesel e gasolina, em média, mais caros do que no mercado internacional.

“É interessante notar que a contribuição da área de abastecimento, para o lucro da Petrobrás, passou de 16% para 29%, justamente num período em que houve uma redução de 6% nas vendas de derivados”, ressalta o CBIE.

Inscreva-se e receba notificações de novas notícias!

você pode gostar também
Visit Us On FacebookVisit Us On YoutubeVisit Us On LinkedinVisit Us On Instagram