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Vendas da indústria têm pior desempenho em cinco anos

As vendas reais da indústria brasileira cresceram em 2003 no ritmo mais baixo em cinco anos, impactadas pelo cenário recessivo observado no primeiro semestre do ano, revelou pesquisa da Confederação Nacional da Indústria divulgada nesta terça-feira.

O faturamento das indústrias cresceu 0,53% no ano passado, ante uma alta de 1,88% observada em 2002. O desempenho foi o pior desde 1998, quando as vendas tiveram queda real de 1,58%.

“O número reflete o quadro de dificuldades enfrentado no ano passado e a política de enfrentamento da inflação em alta adotada pelo governo”, afirmou o economista da CNI Flávio Castelo Branco a jornalistas.

Em comunicado, a CNI frisou que o resultado anual positivo espelha “exclusivamente o bom desempenho da indústria no segundo semestre, em especial no último trimestre”.

Os indicadores industriais da CNI mostraram, ainda, um aumento de 0,66% do emprego na indústria no ano passado. Para Castelo Branco, o dado “surpreende” e indica uma expectativa positiva das empresas em relação ao desempenho da economia.

Ele ponderou, contudo, que a pequena alta do pessoal empregado foi acompanhada por uma queda de 4,18% nos salários líquidos reais da indústria em 2003, um reflexo da alta da inflação.

Ainda segundo a pesquisa da CNI, que é feita mensalmente em 12 Estados, com cerca de 3 mil empresas, o uso da capacidade instalada ficou praticamente estável em dezembro de 2003, na comparação com o mesmo período do ano anterior, tendo oscilado de 80,4 para 80,3, segundo dados dessazonalizados.

Dezembro

Em dezembro, as vendas reais aumentaram 1,84% em relação a novembro, em dados dessazonalizados, no sexto mês consecutivo de alta. Em relação a dezembro de 2002, o crescimento das vendas foi de 10,88%.

Na comparação com novembro, contudo, o pessoal empregado caiu 0,44% e as horas trabalhadas na produção tiveram queda de 1,58%. Para Castelo Branco, os indicadores sinalizam que o “ritmo da produção industrial não se encontra super aquecido”.

“Não é nenhum retrocesso expressivo, mas mostra algum sinal de perda de ritmo”, acrescentou o economista.

Ele frisou que as perspectivas para a indústria nos próximos meses dependem principalmente da política monetária a ser adotada pelo Banco Central.

Para Castelo Branco, a interrupção da queda da taxa de juros em janeiro – quando o Comitê de Política Monetária manteve a Selic em 16,5% ao ano – foi “precipitada” e uma nova manutenção em fevereiro “passaria um sinal negativo para a retomada da atividade”.

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