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Venda de etanol dispara em Minas Gerais

Com a redução do ICMS do etanol de 19% para 14% e do aumento da alíquota incidente na gasolina de 24% para 29%, em vigor há cerca de um mês em Minas Gerais, os motoristas do Estado já começaram a migrar para o biocombustível, e essa tendência deverá ganhar força. A retomada da cobrança da Cide na gasolina, que está valendo desde fevereiro no país, também já está dando um empurrãozinho nesse movimento. Com isso, a demanda mineira pelo hidratado, usado diretamente no tanque dos veículos, deve saltar dos atuais 750 milhões de litros por ano para 2 bilhões de litros, nas estimativas do sindicato que representa as usinas de Minas Gerais (Siamig).

A demanda mensal de hidratado em Minas Gerais é de cerca de 60 milhões de litros. Em fevereiro, no entanto, esse volume já subiu para 84 milhões, em função da volta da Cide na gasolina, afirma o presidente do Siamig, Mário Campos. A estimativa do Sindicato é que já em março a marca de 100 milhões de litros seja alcançada. “É possível que nos próximos meses, o consumo registre picos de 150 milhões de litros”, disse.

O efeito positivo vai se refletir em todo o mercado do Centro-Sul, uma vez que, depois de São Paulo, Minas Gerais é o maior mercado de combustíveis (Ciclo Otto, que representa gasolina e etanol) do país. Em etanol, é o quarto maior, mas se a demanda anual de 2 bilhões de litros se confirmar em 2015, os mineiros vão ultrapassar o Paraná, que em 2014, demandou 1,235 bilhão de litros de hidratado, atrás apenas de São Paulo. Tradicional exportador de etanol a outros Estados, Minas poderá passar a importar o biocombustível, ajudando a enxugar a oferta no país.

A semana passada foi a terceira consecutiva em que abastecer com hidratado em Minas Gerais ficou mais vantajoso do que usar a gasolina, o que não acontecia desde 2009. Pelo parâmetro mais aceito no mercado, isso acontece quando o preço do biocombustível nos postos é inferior a 70% do preço da gasolina. Na média do mercado mineiro, essa relação ficou em 67% entre 5 e 11 de abril, conforme a Agência Nacional de Petróleo (ANP). Considerando também a volta da Cide, a relação poderá ficar em 65%, segundo Campos.

A alteração nas alíquotas de ICMS – que resultou numa diferenciação tributária de 15 pontos percentuais entre gasolina e etanol – foi aprovada em Minas Gerais em dezembro. Naquele momento, a projeção do Siamig era que o consumo anual de hidratado, na casa de 750 milhões de litros, fosse dobrar para 1,5 bilhão. No entanto, com o anúncio, em janeiro, da retomada da cobrança da Cide na gasolina essa projeção de aumento de consumo foi elevada para 2 bilhões de litros, de acordo com Campos.

Uma campanha publicitária foi lançada ontem pelo sindicato mineiro em rádios e em mídias sociais para potencializar a vantagem econômica do etanol mineiro em relação à gasolina. “Nos últimos anos, diante da baixa demanda por etanol, os postos de combustíveis do Estado haviam até desativado ou reduzido as bombas destinadas ao biocombustível”, conta o executivo.

Ele considera normal que uma readaptação do mercado leve tempo. “Estamos observando que, em algumas cidades, o preço do etanol ainda não baixou, em resposta ao ICMS menor. Em outras cidades, o preço da gasolina ainda não subiu”. Conforme a ANP, abastecer com etanol permaneceu vantajoso na última semana ao motorista de São Paulo (64,8%), Mato Grosso do Sul (69%), Paraná (68%), Mato Grosso (63,2%) e Goiás (67,9%).

(Fonte: Valor Econômico)

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