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Venda de combustíveis desacelera no ano

Termômetro do nível de atividade da economia, as vendas de combustíveis desaceleraram neste ano, após a forte expansão registrada em 2004. De janeiro a agosto de 2005, cresceram apenas 0,7%, segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo).

Trata-se de um ritmo bem abaixo do verificado em 2004, quando as vendas aumentaram 5,8%. É menos também do que a previsão da Petrobras para o período de 2006 a 2010, quando a estatal estima incremento de 2,6% ao ano no consumo de combustíveis. Ao rever seu plano estratégico neste ano, a Petrobras elevou a projeção para cima -era de 2,4%.

De acordo com os dados da ANP, as vendas de gasolina e diesel vão um pouco melhor. Tiveram crescimento de 1,8% e 0,9% de janeiro a agosto, respectivamente. Os percentuais, porém, estão distantes dos alcançados em 2004, quando as vendas desses produtos subiram 6,4% e 6,2%, respectivamente.

Especialistas e representantes do setor dizem que o menor crescimento econômico deste ano é a principal causa do desaquecimento. Citam ainda o preço elevado dos produtos como causa para a perda de fôlego nas vendas. O PIB em 2004 teve alta de 4,9%. Estimativas apontam para um crescimento de 3,5% neste ano.

Adriano Pires, especialista do CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura), afirma que o consumo de combustíveis sempre cresce numa proporção maior do que a do PIB. “Quando o PIB sobe, o consumo sobe ainda mais. Mas quando o PIB desacelera ou cai, a queda dos combustíveis é ainda maior”, afirma. O mesmo, diz ele, acontece com a energia elétrica.

Segundo Pires, as vendas tendem a ficar deprimidas em razão do reajuste (de 10% para a gasolina na refinaria) anunciado pela Petrobras em setembro. O especialista não acredita em uma reação até o final do ano.

No caso da gasolina, diz, há ainda outro fator: o efeito da substituição pelo gás natural e pelo álcool -este último com o advento dos carros bicombustíveis.

De acordo com os da Pesquisa Mensal de Comércio do IBGE, as vendas de combustíveis recuaram 6,97% nos postos de janeiro a agosto ante igual período do ano passado. Diferentemente da ANP, que mede as vendas das distribuidoras, a pesquisa do IBGE investiga os postos revendedores e não considera os derivados utilizados pela indústria.

Gás de cozinha

Entre os combustíveis utilizados pelo consumidor final, o gás de cozinha foi o que teve a maior queda: 1,1% até agosto, de acordo com a ANP.

Para Sérgio Bandeira de Mello, superintendente-executivo do Sindigás (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liqüefeito de Petróleo), houve até uma melhora no consumo de gás de cozinha a partir de agosto, graças à queda da inflação e à conseqüente recuperação do rendimento. Até o final do primeiro semestre, diz, havia uma retração nas vendas superior a 2%.

“É um produto que depende de renda. Está ligado diretamente ao poder aquisitivo da população”, afirma Bandeira de Melo.

Tal reação a partir de agosto, afirma, não será suficiente para inverter a tendência de queda. Ele acredita que o recuo ficará na casa de 1% em 2005.

De 2001 a 2003, o consumo de combustíveis caiu no país, recuperando-se apenas em 2004. No caso do gás de cozinha, o declínio foi de 5% de 2001 a 2003, o que levou a um aumento do uso de lenha como combustível.

Enquanto a participação do gás de cozinha no consumo residencial de energia caiu de 31% em 2000 para 27% em 2004, a da lenha cresceu de 32% para 38%, segundo o Sindigás.

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