Mercado

Venda de carros a álcool dispara em RP

As vendas de carros movidos a álcool ou bicombustíveis dispararam em Rio Preto. A economia é o principal motivo para o crescente interesse por modelos que usam o derivado da cana-de-açúcar (etanol), uma vez que a diferença entre o preço do litro de gasolina para o litro de álcool nos postos de Rio Preto gira em torno de 65%. O crescimento das venda de veículos a álcool acompanha a gradativa queda no preço do combustível. A partir de junho de 2003, quando o preço do álcool nas usinas começou a cair, iniciou-se uma procura maior por veículos movidos a etanol. Em maio de 2003, o litro do álcool oscilava entre R$ 1,13 e 1,22 nas bombas dos postos de combustíveis de Rio Preto, quase o dobro dos preços praticados no início desta semana, quando os postos ostentavam placas com o litro de álcool cotado entre R$ 0,570 e R$ 0,699.

No ano passado, foram vendidos 84,5 mil carros a álcool no Brasil, quantidade 51% maior que as 55,9 mil comercializadas em 2002. Durante anos, prefeitos de municípios da região, cujo economia baseava-se na agroindústria sucroalcooleira, tentaram em vão forçar a adoção da “frota verde” por órgãos públicos. A proposta nunca vingou e os consumidores, traumatizados com a crise de abastecimento do início da década de 90, resistiam aos modelos a álcool. Passada mais de uma década, o álcool parece reconquistar os proprietários de veículos com oferta regular do produto, preço três vezes menor que o da gasolina e com o uso de tecnologias de ponta como injeção eletrônica e motores bicombustíveis. As concessionárias rio-pretenses da Volkwagen, GM e Fiat registram boa procura por estes veículos (a Ford não possui modelo a álcool ou bicombustível).

De acordo com Alcindo Rodrigues, gerente de vendas da Elmaz Veículos, somente no final de semana foram vendidos oito automóveis a álcool naquela concessionária. “Hoje (ontem), ainda estamos fechando negócios em função do plantão do final de semana”, afirmou. Rodrigues disse que 80% das vendas fechadas são de modelos movidos a álcool ou bicombustível. “Vendemos 40 automóveis a álcool em janeiro”, disse. O gerente de vendas da Liban Veículos, Edson Magoga, afirmou que, dos 90 veículos comercializados em janeiro pela concessionária, 55 eram movidos a álcool ou bicombustíveis. “Eu deixei de vender mais uns 30 automóveis porque não tinha veículos a álcool ou bicombustíveis. A indústria não está dando conta de atender os pedidos”, disse o gerente da Liban.

Magoga afirmou que a General Motors identificou Curitiba e o Interior de São Paulo como os melhores mercados para veículos movidos a álcool ou bicombustíveis. Segundo ele, a montadora tem seis modelos movidos a álcool ou bicombustíveis (álcool/gasolina) e deverá lançar todos os modelos com versões bicombustível. A gerente Marta Tasca Zanirato, da J.S. Marella informou que as vendas de carros a álcool aqueceram recentemente, depois do lançamento de motores bicombustíveis. “Lançamos o Palio 1.3 Flex e vamos lançar a Weekend e o Sciena”. A Fiat só contava com o Palio 1.5 a álcool. “O Uno a álcool era por encomenda para produtor rural e frotista”, afirmou.

Preço do anidro cai 31% e do hidratado 33%

Os preços do álcool anidro e do álcool hidratado no atacado já registraram queda de 31% e 33%, respectivamente, no mês de fevereiro. A informação é Geraldo Majela de Andrade Silva, assessor técnico da Organização dos Plantadores de Cana do Centro-Sul do Brasil (Orplana). De acordo com Majela, na primeira semana de fevereiro, o litro do álcool anidro estava cotado a R$ 0,55 e na semana passada fechou a R$ 0,38. O álcool hidratado também registrou uma queda acentuada nos preços, passando de R$ 0,48 para R$ 0,32. De acordo com o Majela, o motivo da queda acentuada de preços em plena entressafra da cana-de-açúcar é o excesso de oferta. “Temos um estoque de passagem com aproximadamente 1,4 bilhão de litros de álcool e 1,2 milhão de toneladas de açúcar, quantidade suficiente para chegar à safra”, afirmou.

De acordo com a pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), Miriam Bacchi, o preço médio do litro do álcool na safra iniciada em maio de 2003 até fevereiro deste ano foi de R$ 0,67, contra um preço médio de R$ 0,79 da safra 2002/2003. O preço médio do álcool na safra que encerra-se em abril de 2004 é 15,1% menor ao preço praticado no período anterior. Já o preço da saca de açúcar de 50 quilos também registrou queda de preço significativa em relação à safra 2002/2003. “Em 2002, o preço médio da saca foi de R$ 35,99, enquanto na safra iniciada em maio de 2003, e que encerra-se em abril de 2004, o preço médio registrado foi de R$ 23,94”, afirmou. Até ontem, a média desta safra era 33,48% inferior à da safra 2002/2003. “A situação é bem atípica e está ocorrendo porque existe um grande estoque de açúcar e de álcool”, afirmou a pesquisadora.

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