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Vêm aí variedades de cana transgênica que prometem reduzir custos com herbicidas e inseticidas

Vêm aí novas variedades de cana transgênica que prometem reduzir custos com herbicidas e inseticidas.

Essas novas variedades de cana transgênica integram o projeto “Produção de variedades comerciais de cana-de-açúcar transgênica para aumento da biomassa e da produção de etanol 1G e 2G a partir da transferência de genes que conferem resistência ao herbicida glifosato e a insetos-praga.”

Oficializado em 15/03 em Ribeirão Preto (SP), durante o Simpósio “Integração da pesquisa pública com cana-de-açúcar no Brasil” , o projeto é uma parceria entre a Embrapa Agroenergia, a startup PangeiaBiotech, a Organização Social  Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e Sebrae. A parceria tem duração de quatro anos.

Segundo Paulo Cezar De Lucca, sócio fundador da PangeiaBiotech, as variedades de cana-de-açúcar transgênica para controle biológico da broca-da-cana e facilitar o manejo da cultura com o herbicida glifosato são um produto inédito.

 

“Selecionamos genes com liberdade de uso”, diz Hugo Molinari, pesquisador da Embrapa Agroenergia e líder do projeto. Além disso, os pesquisadores já iniciaram a transformação genética em laboratório com as variedades previamente selecionadas. Também, estão previstos os testes em campo para validar a tecnologia.

Após está etapa de validação, parcerias estratégicas com empresas interessadas poderão ser feitas, o que envolve negociações de desregulamentação do evento transgênico para posterior venda destas variedades no mercado.

De acordo com o sócio fundador da PangeiaBiotech, as características de valor agronômico mencionadas são na verdade genes já comumente usados nas culturas da soja, milho e algodão no Brasil e que agora estamos adaptando para a cana.

Ele lembra que 100% da cana é convencional, enquanto nas outras culturas cerca de 94% são variedades transgênicas. Diante desse panorama, foi observado um nicho de mercado muito interessante para se trabalhar com cana transgênica do começo ao fim.

E reforça: “somos uma startup e jamais conseguiríamos fazer isso sozinho”.

Para realizar este projeto a empresa entra com 1/3 em parceria com o Sebrae, a Embrapii com 1/3 e a Embrapa Agroenergia com o restante. Esse é o fundamento do projeto, que além de disponibilizar recursos para investir nesta iniciativa, está fazendo um elo entre uma startup e a Embrapa.

 

Danos

O glifosato é o herbicida mais barato do mundo para controle de ervas-daninhas e para cana-de-açúcar o controle destas é muito importante uma vez que compete por nutrientes e absorção de água pela planta nas fases iniciais de desenvolvimento.

“Uma maneira fácil de controle é você ter um material com resistência ao herbicida”, salienta Molinari. Para o agricultor irá facilitar o manejo no campo, além de gerar um impacto econômico pela redução dos custos de produção e uma diminuição do uso deste herbicida.

Além disso, esse projeto visa utilizar dois genes de resistência combinados que podem ampliar a proteção da cana contra a broca, porque para quebrar essa proteção será mais difícil tendo dois genes com modos de ação diferentes para o controle desta lagarta.

Atualmente, o controle da broca-da-cana é realizado por meio de inseticidas químicos e estima-se que as perdas causadas pela lagarta cheguem a R$ 4,88 bilhões por ano, se considerar a área total cultivada com cana no país. Hoje, há no mercado a variedade transgênica CTC20Bt desenvolvida pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), que apresenta resistência a broca-da-cana. No entanto, ainda não está disponível no mercado variedades de cana-de-açúcar combinando dois modos de ação para proteção ampliada contra a broca-da-cana e resistência ao herbicida glifosato.

PangeiaBiotech

É uma empresa de biotecnologia incubada na Unicamp especializada na produção de cana transgênica, com know-how de última geração. A sinergia da expertise da PangeiaBiotech e a Embrapa viabilizará em tempo recorde o primeiro teste a campo da cana transgênica de segunda geração.

Os ensaios em campo demonstrará a resistência da nova variedade geneticamente modificada, um componente essencial da análise da viabilidade comercial do produto.

“Nossa empresa é uma startup, num momento muito oportuno para a criação de empresas de base tecnológica no agronegócio”, diz o diretor. “Nosso modelo de negócio inicial foi baseado nas Plant transformation facilities dos EUA e evoluiu para essas parcerias estratégicas com o setor produtivo, como é o caso da cana transgênica de segunda geração. Nosso próximo passo é a criação de novas características agrícolas, que vai fortalecer nossos laços com as empresas de tecnologia do setor sucroenergético.”

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