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Vem aí o diesel da cana

A empresa americana Amyris Biotechnologies vai fazer diesel a partir da cana-de-açúcar no Brasil. A companhia concluiu um processo de captação de recursos que injetou R$ 75 milhões no seu negócio, os quais foram bancados por novos sócios, incluindo o Grupo Cornélio Brennand. “Comprar uma participação na Amyris mostrou que o grupo é inovador e achamos que era uma boa oportunidade”, diz o diretor de novos negócios do Grupo Cornélio Brennand, Francisco Arruda Raposo Andrade, sem revelar o valor investido para entrar no novo negócio devido a uma cláusula de confidencialidade.

Os primeiros contatos para tratar da participação do Grupo Cornélio Brennand na Amyris ocorreram em maio deste ano. A e! mpresa americana começou a se interessar pelo Brasil no ano passado e em junho último inaugurou a primeira planta em Campinas, no interior de São Paulo.

Além do Grupo Cornélio Brennand, entraram como sócias da Amyris: a Votorantim Novos Negócios e fundos como o Khosla Ventures (que tem como acionista o indiano Vinod Khosla, grande investidor na área de tecnologia da informação e em energias limpas), Kleiner Perkins e Texas Pacific Group (TPG).

A Amyris é dona de uma nova tecnologia que permite que uma levedura, usada no processo de fermentação para produzir o álcool, se alimente da sacarose (açúcar) e produza o diesel. A fábrica paulista já está produzindo o diesel renovável numa escala pré-industrial.

O próximo passo é a empresa produzir esse diesel em escala industrial depois que a companhia comprar usinas que produzem açúcar e álcool no País, o que deve ocorrer até janeiro de 2010. “A localização (das usinas) vai depender das eficiências dessas empresas”, explica.

A companhia americana escolheu o Brasil para produzir esse novo produto por dois motivos. Primeiro, a grande disponibilidade de cana-de-açúcar. O outro fato que pesou na escolha foi a familiaridade que os brasileiros têm com o processo de fermentação para produzir o álcool. “As usinas brasileiras fazem isso há mais de 30 anos”, afirma.

CARACTERÍSTICAS

O diesel que será feito a partir da cana-de-açúcar tem as características idênticas ao diesel fóssil, mas com teor zero de enxofre, além de estar dentro das condições de lubricidade exigidas nesse tipo de combustível. A emissão de enxofre é um dos problemas existentes no diesel feito a partir do petróleo.

“Penso que esse diesel será enquadrado como biodiesel”, afirma Francisco. O atual biodiesel que é comercializado no País tem apenas 5% de biocombustível adicionado ao diesel fóssil. Ele é produzido a partir de um óleo vegetal que é misturado com o álcool da cana-de-açúcar.

Além de ser feito de uma matriz completamente renovável, o diesel da cana-de-açúcar será competitivo, quando o preço do barril de petróleo estiver em torno de US$ 70. Ontem, a cotação para o barril de petróleo estava em US$ 68,54 em Londres.

No País, o diesel é usado por veículos pesados (principalmente os caminhões) e para gerar energia nas usinas termelétricas. Atualmente, o Brasil importa óleo diesel, embora seja autossuficiente na produção de petróleo.

Com a entrada para a Amyris, o Grupo Cornélio Brennand passa a atuar de novo no mercado sucroalcooleiro. A família Brennand foi dona da Usina Trapiche, em Sirinhaém, na Mata Sul de Pernambuco. Com o tempo, a família se dividiu, originando o Grupo Ricardo Brennand e o Grupo Cornélio Brennand. O último atua em vários setores, como embalagens de vidro e utilidades domésticas (na Companhia Industrial de Vidros), geração de energia e desenvolvimento imobiliário (na Reserva do Paiva).

Localizada na Califórnia, a Amyris surgiu a partir de investimentos realizados pela Fundação Bill & Melinda Gates para o desenvolvimento de uma vacina anti-malária, tendo como matéria-prima a cana-de-açúcar. A partir dessa planta, a empresa produz vários outros produtos, além do etanol.

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