JornalCana

Vamos discutir saídas para o endividamento

RenovaBio e cenário de retomada econômica permitem buscar saídas para as empresas produtoras e fornecedoras, avalia o deputado Arnaldo Jardim em entrevista ao JornalCana

Como deputado federal e presidente da Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético, como o sr. pode conduzir atuação em favor das empresas fornecedoras de bens de capitais e de serviços para usinas, e que estão sem condições financeiras por conta da crise do setor nos últimos anos?

Arnaldo Jardim – Tivemos debate recente, ao nível da Frente Parlamentar, que era sobre se caberia ao setor algum tipo de Refis ou processo de renovação mais global.

Nossa convicção foi a de que não adiantaria nada propormos isso em um momento de baixo grau de crescimento do País, e que não tivéssemos novos investimentos no setor.

Realidade seja dita: vivemos uma enorme crise, muitos do setor sucumbiram à essa crise, e os que sobreviveram operam são dois. Há os que buscaram cortar na carne, diversificaram um pouco o portfólio de atuação e tiveram condições de se equilibrarem no período mais recente. Mas nenhum deles acumulou o suficiente para fazer novos investimentos.

E há os sobreviventes que vivem em uma situação de permanente pressão por conta de um volume de dívidas muito acentuada.

Qual é agora a expectativa?

Arnaldo Jardim – A nossa expectativa é a de que agora, vindo e se consolidando o RenovaBio, e havendo condições de ter um clima de retomada do investimento no País, possamos discutir a questão do endividamento do setor.

Esse alto grau de endividamento tem taxas de juros superiores de muitas instituições financeiras que ainda consideram o setor como de risco. E isso acaba em um spread mais alto. Para inverter essa situação, é necessário que haja um cenário global definido.

Como o sr. avalia a conjuntura econômica e política?

Arnaldo Jardim – É preciso primeiro avaliar sobre a conjuntura que incide diretamente no nosso setor. Estamos em um momento de importante harmonia, quase que uma conjunção astral.

Veja só: o setor está unido, vivenciou recentemente a questão da venda direta de etanol e sinto que isso está sendo superado. Isso ocorre porque deixa-se de discutir se é venda direta ou não. Todos sabem que se poderá viver em um sistema no qual alguns podem fazer a venda direta e outros adotam a venda para distribuidoras. Mas isso desde que haja o equilíbrio correspondente tributário.

Como se daria esse equilíbrio?

Arnaldo Jardim – Como teríamos dois regimes de venda de etanol, teremos de ter dois regimes de tributação. Hoje se tributa parte do PIS/Cofins no produtor, no momento de sua venda para a distribuidora. E depois ela faz a outra venda [e recolhe a outra parte].

Se for uma venda direta pela unidade, poderemos ter a tributação monofásica no produtor. E aquele que continuar optando pela venda para a distribuidora, como fica? Em minha opinião, com duas formas de venda, deverá haver duas formas de tributação.

Isso superamos. A conjunção é muito positiva. O setor está unido sobre temas dos mais valiosos, como a implantação do RenovaBio, a busca da renovação agrícola, com novos cultivares, novas formas de plantio. Há também a busca da inovação industrial, para aumentar a produtividade do setor.

O setor está unido na busca de novas alternativas de financiamento em um momento no qual não deveremos ter um Plano Safra à semelhança do que havia antes.

O setor também está unido em questões internacionais, dizendo que sempre se pode abrir o mercado. Mas precisamos de reciprocidade para superar, por exemplo, o protecionismo e subsídios que estão sacrificando a nossa produção de açúcar.

O sr. disse que o setor é unido e há otimismo. E o Brasil?

Arnaldo Jardim – Quero ser otimista com o Brasil. Mas ainda há muita gente que deseja mais riscar o fósforo do que apagar o incêndio. Muitas pessoas ainda acreditam na radicalização de posições como uma forma de poder externar a sua opinião.

Chega de incendiários, porque é hora de construtores. Chega de degladiadores, porque é hora de quem prega a estabilidade, de quem busca a convergência. O Brasil precisa de paz, de sintonia entre os poderes constituídos. Precisa de que a maioria prevaleça sobre as posições extremadas. É hora de construir.

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