Mercado

Valor pago pela cana ainda em discussão

Os fornecedores de cana-de-açúcar de São Paulo receberam, em média, R$ 35,13 pela tonelada da matéria-prima na safra 2004/05, segundo a Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo (Canaoeste). O valor foi considerado insatisfatório pela entidade pelo segundo ciclo seguido, o que reacendeu as discussões em torno da remuneração desses trabalhadores.

“Os custos fixos de produção da safra 2004/05 foram calculados em R$ 39,35, 12% acima dos preços recebidos pelos fornecedores”, disse Manoel Carlos de Azevedo Ortolan, presidente da Canaoeste. Em 2003/04, os custos ficaram em R$ 35,48, para um preço médio pago aos fornecedores de R$ 30,22. Os números preocupam a entidade, uma vez que a prévia do pagamento para o mês de maio passado também ficou abaixo da expectativa dos produtores, disse Ortolan.

Desde o fim de 2004, produtores e usinas rediscutem o modelo de pagamento dos fornecedores, em vigor desde 1998. Pelo sistema atual, a remuneração é calculada mensalmente, levando-se em conta qualidade da cana, mix de produção das usinas, perdas industriais e preços alcançados pelo produto no mercado externo. O fornecedor recebe um adiantamento mensal, de cerca de 80%, e o ajuste final é calculado no encerramento da safra, em abril.

Conforme Ortolan, os produtores estão, no momento, debruçados sobre a questão. As indústrias também estão realizando seus estudos, e a cadeia deverá se reunir nas próximas semanas para comparar os estudos e discutir as arestas que deverão ser aparadas. Um acordo sobre um novo modelo deverá ser firmado até o mês que vem. Segundo Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), existem poucas distorções nos estudos em análise pelas indústrias. Ele informou que se há distorções a favor dos produtores, elas passam por correção retroativa ao início da safra.

No Norte e no Nordeste do país, parte dos fornecedores defende que a remuneração seja em produto. Ou seja, em açúcar ou álcool. A Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana), que representa produtores independentes, defende a remuneração em produto por achar que os fornecedores não se beneficiam dos aumentos dos preços do açúcar e álcool no país e no exterior. Em recente entrevista ao Valor, Antônio Celso Cavalcanti de Andrade, presidente da Feplana, disse que as discussões do modelo de pagamento dos fornecedores do Nordeste estava sendo avaliadas pelo setor e pelo governo federal, que decidiu criar um grupo de trabalho sobre o tema. Para fontes do setor, a discussão é liderada por plantadores do Nordeste que defendem a volta de um sistema de preços tabelados pelo governo.

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