JornalCana

Vale negocia com a Petrobras maior uso do gás a menor custo

A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) está negociando com a Petrobras um modelo que viabilize a substituição de energia elétrica por gás natural no fornecimento para as indústrias eletro-intensivas, como as dos setores de alumínio e de ferro-ligas. Além da alteração da matriz energética, com a maior participação do gás natural, a Vale quer também preços diferenciados no fornecimento de gás ao setor industrial, e de acordo com o tipo de indústria.

“O Brasil tende a não ter energia a custo competitivo e corre sério risco de perder investimentos”, afirmou o diretor-executivo de Planejamento e Gestão da Vale, Gabriel Stoliar. Segundo ele, o custo de energia elétrica hoje no Brasil é de US$ 30 o megawatt (MW), enquanto no mundo varia de US$ 9 a US$ 11 o MW. “Estamos discutindo com a Petrobras formas de desvinculação do preço único de gás da Bolívia”, disse Stoliar, para quem o gás, a preço competitivo, deve ser um vetor para o desenvolvimento industrial do País.

A CVRD, além de maior produtora e exportadora de minério de ferro do mundo, é também grande produtora de alumínio. O executivo da Vale participou ontem do seminário “Revitalização da Economia do Rio”, que foi realizado na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Ele alertou também para os riscos de “paradão” no sistema de transportes do País, devido a gargalos de logística.

MRS terá terceiro trilho

Nesse sentido, Stoliar destacou que a Vale está analisando projeto de implantação do terceiro trilho na ferrovia MRS (que corta São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro e da qual a Vale tem participação acionária), de forma a contornar problemas de diferenças de bitola e de viabilizar o acesso ferroviário ao porto de Sepetiba (RJ). O modelo e o valor do investimento não estão definidos, mas o negócio poderá ser viabilizado pelo sistema de Parceria Público-Privada (PPP). “A idéia do terceiro trilho é muito importante e está sendo bem recebida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)”, diz o diretor da CVRD.

Entre as principais premissas para viabilizar investimentos em infra-estrutura, Stoliar destaca necessidade de estabilidade de marco regulatório, a fim de reduzir incertezas; rápida definição e implantação dos projetos de PPPs; eliminação de entraves burocráticos, nos quais ele inclui dificuldades de obtenção de licenças ambientais e redução do custo de capital – “os spreads de risco são muito altos”, reclama o executivo.

MPE investe em rodovias

O presidente do grupo MPE (Montagem e Projeto Especial), Renato Abreu, saiu na frente e, mesmo antes da aprovação das PPPs, está realizando investimentos em parceria com o governo e municípios do Mato Grosso para a construção de rodovias na região: duas delas com 80 quilômetros de extensão e outra com 110 quilômetros. O valor do investimento da MPE nessas obras equivale a US$ 600 mil”, disse Abreu.

Para o presidente do BNDES, Carlos Lessa, o porto de Sepetiba será importante vetor de desenvolvimento do estado do Rio, devendo sediar um novo polo industrial, com potencial para a instalação de usina siderúrgica e petroquímica. Sem revelar nomes, Lessa disse que o banco vem conversando com dois diferentes grupos empresariais interessados em investimentos em siderurgia em Sepetiba. Da mesma forma, a Petrobras estuda a instalação de uma operação petroquímica na região.

“A Bunge (multinacional do setor agrícola) começará a operar um terminal de grão em Sepetiba, embarcando cerca de 3 milhões de toneladas em 2005”, destacou Lessa. “Tem um grupo de empresários brasileiros interessado em investir em petroquímica e procurou a gente. São conversas iniciais”, acrescentou o gerente-executivo de novos negócios da Petrobras, José Lima de Andrade Neto, sem citar nomes.

Segundo ele, a Petrobras vai investir no estado do Rio de Janeiro US$ 21,1 bilhões entre 2004 e 2010. “É mais da metade do valor investido pela empresa no Rio ao longo dos últimos 50 anos “, ressaltou. O montante faz parte dos investimentos totais de US$ 53,6 bilhões previstos pela estatal do petróleo no período, sendo US$ 46 bilhões aplicados no País e US$ 7,6 bilhões no exterior.

Andrade Neto não revelou quanto será aplicado na Argentina, país que reivindica maiores inversões da Petrobras. “Em todo país que estamos presentes, o sonho de todo governo é que a Petrobras invista mais. O que dizemos para eles é que, se for um bom negócio empresarial, estaremos dispostos a investir”, afirmou.

Inscreva-se e receba notificações de novas notícias!

você pode gostar também
Visit Us On FacebookVisit Us On YoutubeVisit Us On LinkedinVisit Us On Instagram