Mercado

Vaivém do mercado adia planos das usinas

Há 30 dias o preço do açúcar superou a marca dos 14 centavos de dólar por libra-peso na Bolsa de Nova York (Nybot) e o setor sucroalcooleiro decidiu por uma safra mais açucareira em 2008 do que no ano anterior. Mas, a crise do subprime nos EUA sacolejou as bolsas e as cotações recuaram para 12 centavos.

Desde então, os usineiros só têm uma certeza: os custos de produção estão mais altos. Levantamento da União dos Produtores de Bioenergia (Udop) mostra que a safra 2008/09 – iniciada na semana passada com algumas usinas no Centro-Sul – custos 8,5% maiores para produzir açúcar e álcool que no ciclo anterior.

Os insumos – tantos os para uso agrícola como industrial – são os vilões do custo mais alto, segundo José Carlos Toledo, presidente da Udop. Em janeiro de 2007, o setor pagava R$ 750 pela tonelada de MAP (fosfato), valor que em março deste ano está em R$ 1,690 mil.

Já entre os insumos para o processo industrial, despontam no aumento o ácido fosfórico (fermentação) cujo preço saltou de R$ 860 para R$ 2,230 mil em doze meses. O enxofre, usado na clarificação do caldo, teve seu preço elevado de R$ 500 a tonelada para R$ 1,549 mil no mesmo período. “Há um detalhe que pesa muito e que varia de usina para a usina que é a escala de cada empresa”, esclarece Toledo.

Com a produção mais cara, as usinas terão que vender açúcar e álcool a valores mais elevados para fechar a conta, o que foi difícil na safra 2007/08. “Mesmo com a recuperação dos preços do álcool em dezembro, o balanço da safra é negativo. A rentabilidade do álcool e do açúcar não está adequada ao nível de crescimento e investimento do setor”, avalia.

Assim, seriam compatíveis com o custo atual de produção das usinas, preço de açúcar de 13,50 centavos de dólar por bushel na Nybot – sexta-feira a commodity fechou em 12,12, baixa de 3% no dia e de 1,14% na semana. “No caso do álcool (anidro) o valor compatível é de R$ 720 o metro cúbico”, diz Toledo.

No mercado interno, o valor do álcool anidro hoje está superior ao patamar “compatível”. Mas, ainda assim, seus valores vêm recuando em plena entressafra, o que é atípico.

Segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) o litro do álcool anidro encerrou a semana passada valendo R$ 0,82037, queda de 1,62% em relação a semana anterior. Na mesma época do ciclo anterior, ou seja, na última semana de março de 2007, o litro do anidro valia R$ 1,070 no mercado de São Paulo, 30% mais.

O hidratado fechou em queda mais acentuada ainda na semana, segundo o Cepea. O litro passou a valer R$ 0,74479, recuo de 2,3% em relação a semana anterior.

Os preços depressivos na entressafra causa preocupação do setor quanto ao nível de remuneração em 2008. Tarcilo Rodrigues, diretor da Bioagência, diz que as usinas estão aproveitando os melhores preços no mercado externo para firmar contratos.

O volume já acordado atingiu 1,5 milhão de litros, ante os 1,2 milhão levantados no começo do mês de março. “Cerca de metade vai para os Estados Unidos (vendas diretas e via Caribe) e, o restante para a Europa, que está tornando-se um mercado cativo”, avalia Rodrigues.

O mercado americano está pagando US$ 450 o metro cúbico, valor que foi de US$ 380 no ano passado (hidratado). Já o anidro na Europa está sendo negociado a US$ 500 dólares. (Fabiana Batista)

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