JornalCana

Uso de álcool ou gasolina abastece dúvidas

Automóveis bicombustíveis tais como os que existem no Brasil não há em nenhum outro lugar. Outra característica do país é que todo mundo adora indicar receitas “infalíveis”. Junte os dois aspectos e tem-se algo que lembra slogan de cereal: existem mil maneiras de preparar, invente uma.

As montadoras afirmam que esses veículos podem ser abastecidos com gasolina, álcool ou a mistura dos dois em qualquer proporção, e as sugestões mirabolantes vêm até de quem trabalha diretamente com os automóveis.

“Aconselhamos o cliente a, da primeira vez, abastecer com gasolina e, em seguida, misturar os dois, mas nunca colocando metade de cada. Sempre mais de um ou de outro. Foi o que a área técnica passou para a gente”, afirma o responsável pela entrega de carros em uma concessionária, que não quis se identificar.

“Uns chegam a perguntar se vale a pena colocar bolinhas de naftalina, no tanque, para purificar o sistema”, diz Carlos Henrique Rodrigues, 40, vendedor da Vila Mariana Veículos (Chevrolet), que sempre atende clientes incrédulos com o fato de poder abastecer com álcool e gasolina.

“A gente repara uma certa vergonha de perguntar. A maioria fica desconfiada sobre como funciona o sistema.” Segundo ele, o álcool é o preferido. “As pessoas querem gastar pouco.”

Queima mais rápida

Problema é que o álcool rende menos. “Testes em laboratório mostram que abastecer com álcool é vantajoso se o preço do litro for menor que 70% do da gasolina”, diz o engenheiro Roger Gondim, 35, supervisor da Volkswagen, a primeira a lançar um modelo flexível, o Gol Total Flex, em março do ano passado.

Incredulidade é o principal sentimento de quem fecha a compra de seu primeiro “flex fuel”, confirma a vendedora Suzana Edler, 37, da autorizada Ventuno, da Fiat. “Alguns perguntam se podem realmente misturar ou se precisam usar o tanque até o final.”

Entre as “receitas” preferidas está misturar de 10% a 20% de gasolina e o restante de álcool. “Supostamente para facilitar a partida no frio”, diz Mauro Saddi, 47, diretor da Green Automóveis, revenda Volkswagen. É o que faz o veterinário Carlos Larsson, 29, dono de um Fiat Palio Flex 1.3.

“Para facilitar a partida a frio, os veículos Flex têm um sistema suplementar, com um pequeno reservatório de gasolina. Se necessário, ele injeta um pouco de gasolina na hora da partida”, explica Carlos Henrique Ferreira, 37, engenheiro da Fiat. Esse dispositivo já existia nos modelos a álcool.

Inscreva-se e receba notificações de novas notícias!

você pode gostar também
Visit Us On FacebookVisit Us On YoutubeVisit Us On LinkedinVisit Us On Instagram