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Uso da energia nuclear deve dominar reunião do G-8 na Escócia

A energia nuclear voltou à agenda como uma solução para o aquecimento global, no momento em que líderes dos países mais ricos do mundo debatem um projeto para impedir um desastre climático. A energia nuclear pode não gerar poluentes do efeito estufa, mas os ambientalistas dizem que a nova tendência é mal concebida, equivocada e perigosa.

“A energia nuclear está de volta à agenda porque a indústria está pressionando fortemente”, diz Roger Higman, da entidade Amigos da Terra. “Mas a mudança climática é global e a solução precisa ser global. Se você quer convencer alguém a abandonar a geração a carvão tem de compartilhar com esse alguém os benefícios da sua tecnologia”, afirma.

Cientistas alertam que as temperaturas médias do planeta podem subir dois graus centígrados ou mais neste século, o que provocaria o derretimento das calotas polares, secas e inundações. A solução é conter a poluição por gases que provocam o efeito estufa, como o dióxido de carbono.

Menos de dois meses antes de os líderes do G-8 (grupo dos oito países industrializados mais ricos) se reunirem na Escócia em busca de solução, eles ainda vivem em mundos diferentes. “Até agora, toda a ênfase está sendo em mitigar as causas da mudança climática”, diz Richard Tarasofsky, do Instituto Real de Assuntos Internacionais, da Grã-Bretanha. “A adaptação aos efeitos só começou agora de forma séria. Isso mostra que pouco foi feito até agora na mitigação e também que as implicações da agenda de adaptação são enormes, e que, portanto, tentar incentivar respostas internacionais claras será bem difícil.”

Por isso, e com os pífios investimentos em energias renováveis, como eólica e solar, muitos consideram urgente o uso da energia atômica. Os Estados Unidos disseram na semana passada que a energia nuclear é segura e limpa e diminuirá a dependência norte-americana do petróleo.

Os chineses, que foram convidados a acompanhar a reunião do G-8, junto com África do Sul, Índia, México e Brasil, anunciaram planos para transferir parte da sua produção de eletricidade das usinas a carvão para nucleares.

Mas há problemas de segurança sobre como tratar os dejetos nucleares. “Parece que temos dificuldades com o fato de Coréia do Norte e Irã terem energia nuclear, e ainda assim as mesmas pessoas que defendem providências firmes contra esses países estão também dizendo que é necessário um ressurgimento da energia nuclear civil”, diz Stephen Tindale, diretor do Greenpeace.

“A idéia de que é de certa forma possível isolar a energia nuclear civil das armas nucleares é fantasiosa. Se você olhar para o debate no Brasil, os que pedem energia nuclear são essencialmente os militares. Isso não serve como argumento.”

Dessa forma, ambientalistas dizem que as discussões na Escócia sobre o clima tendem a ser um fracasso. “Assim que Bush foi reeleito deixamos de ver Gleneagles (local da cúpula na Escócia) como uma oportunidade e passamos a ver como uma ameaça”, diz Tindale. “Há razões para ficar contente. Mas Gleneagles certamente não é uma delas.”

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