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Usineiros unem forças para administrar safra

A União das Agroindústrias Canavieiras do Estado de São Paulo (Unica) assumiu ontem que adotará uma posição estratégica para administrar a próxima safra de cana-de-açúcar, a 2004/05. “Estamos em fase de conversação ainda”, disse Antonio de Padua Rodrigues, diretor-técnico da Unica. Os empresários do setor voltam a discutir o assunto em novembro. O atraso da safra e a retenção de parte da produção de açúcar e álcool fazem parte dos planos do setor.

Para viabilizar a armazenagem de álcool, a Unica discute com a Coimex a compra de mais 700 milhões de litros de álcool. No ano passado, a trading adquiriu 700 milhões de litros de um pool de usinas para exportação. “O Brasil tem condições de negociar metade do mercado spot de álcool mundial, hoje em 3 bilhões de litros”, informou Clayton de Miranda, diretor da Coimex.

O atraso na colheita, que, este ano, foi antecipada em um mês para garantir o abastecimento, poderá ocorrer para que os estoques de passagem sejam desovados, diz Padua.

Segundo Plínio Nastari, diretor-presidente da Datagro, empresa que patrocinou a 3ª Conferência Internacional de Açúcar e Álcool, realizada ontem, disse que as estratégias que serão adotadas não podem ser caracterizadas como cartelização e nem a de bloqueio de acesso a mercados.

Para Peter Baron, diretor-executivo da International Sugar Organization (ISO), a implantação do programa de retenção poderá ser ineficaz porque “há muitos players nesse mercado”. Segundo ele, o cenário para o próximo ano é de produção maior que o consumo, mesmo cenário de há pelos menos 7 anos. No próximo, a expectativa é de que a produção supere o consumo em 4,5 milhões de t de açúcar. Baron estimou que entre três e quatro anos a situação se equilibre.

“O Brasil é um dos únicos países que pode sobreviver com os atuais preços de mercado, já que a maioria dos países exportadores vai trabalhar com os custos de produção abaixo dos preços internacionais”, disse. Para o álcool, ele acredita que a saída é a criação do mercado internacional. Mas o mercado só ganhará volume quando o Japão decidir entrar de vez.

As projeções feitas pela Datagro mostram que, em dez anos, o Brasil poderia atingir uma produção de 22,04 bilhões de litros, contra 13 bilhões da safra atual, para atender os mercados externo e interno, a partir do crescimento do consumo doméstico. A oferta de matéria-prima para cana seria de 572 milhões de toneladas, contra 343 milhões da safra atual.

Segundo Jonathan Drake, diretor mundial da Cargill para açúcar, o mercado está restrito para açúcar, à medida que grandes importadores, como a Rússia, por exemplo, estão reduzindo as compras.

No âmbito das negociações internacionais, o Brasil deu um passo importante ao se aliar à Austrália e Tailândia na contestação da política de subsídios ao açúcar da UE.

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