Mercado

Usineiros pedem R$ 3,5 bi para estocar álcool e garantir preço

A União da Agroindústria Canavieira (Unica) quer que o governo crie mecanismos de financiamento ou de formação de estoques de álcool com o objetivo de garantir um preço médio de R$ 1 por litro durante o ano. Segundo Onório Kitayama, assessor da presidência da entidade, são necessários cerca de R$ 3,5 bilhões para garantir a estocagem de 5 bilhões de litros, volume suficiente para evitar fortes oscilações de preços entre os períodos de safra e entressafra. Um mercado em que há oferta durante 6 meses e procura durante 12 meses tende a ter alta volatilidade, ora com o preço ficando abaixo do ideal para remunerar o produtor, ora ficando acima do que o consumidor pretende pagar, argumentou Kitayama, durante o Fórum Regional de Integração Energética da América Latina e do Caribe, no Rio.

Segundo ele, um mecanismo de financiamento já estaria sendo estudado pelo governo, em parceria com o setor. Hoje, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) proíbe a formação de estoque por parte das usinas sob a alegação de que isso configuraria um tipo de cartel.

Para Kitayama, o ideal seria que fossem estocados ou financiados anualmente em torno de 5 bilhões de litros de álcool, do total de 16 bilhões de litros produzidos numa safra.

Mas há quem defenda um mecanismo de mercado para regular os estoques. A proposta é implementar a negociação de contratos futuros de álcool na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), que teriam o mesmo efeito de evitar oscilações, mas sem uso de dinheiro público.

Kitayama comentou que o fato de algumas usinas anteciparem sua safra para produzir em torno de 850 milhões de litros até o dia 1º de maio vai possibilitar que os preços voltem ao nível de R$ 1 por litro. Mas não dá mais para esperar que o valor retorne ao R$ 0,60 verificado no ano passado, disse, lembrando que a adição de corante ao álcool anidro legalizou o combustível clandestino, elevando os preços.

Executivos do setor, por outro lado, acreditam que o consumidor pode atuar como regulador do mercado. Se o álcool já não vale a pena, o consumidor pode passar a usar gasolina, avalia o presidente do Sindicato das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), Alísio Vaz. É consenso que as vendas vão cair nas próximas semanas. Para a Federação Nacional dos Revendedores de Combustíveis (Fecombustíveis), a redução no consumo pode chegar a 40%, tamanho do mercado ocupado pelos carros bicombustíveis. Mesmo com o aumento da gasolina, o álcool continua em desvantagem, diz o diretor da entidade, Aldo Guarda.

INVESTIMENTOS

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou ontem a liberação de R$ 122 milhões para a ampliação da Usina de Açúcar Santa Terezinha, projeto com investimento de R$ 186 milhões.

O crédito será destinado à instalação de uma nova unidade produtora de açúcar e álcool no município paranaense de Terra Rica, com capacidade para processar até 1,5 milhão de toneladas por ano, ampliando para 9,1 milhões de toneladas anuais a capacidade de processamento da companhia, que tem quatro outras usinas.

O projeto deve entrar em operação no primeiro semestre de 2007 e parte dos recursos será destinada ao plantio de 17 mil hectares de cana.

Em abril, duas novas usinas entram em operação no Triângulo Mineiro, com capacidade para moer 3,5 milhões de toneladas por ano, diz o presidente do Sindicato da Indústria do Álcool em Minas Gerais (Siamig), Luiz Custódio Cotta Martins.

As novas usinas estão localizadas nos municípios de Santa Juliana e Itapagipe Em Minas, a atual área cultivada com cana é de cerca de 350 mil hectares. Em 2005, as usinas mineiras moeram 24,5 milhões de toneladas de cana, produzindo 950 milhões de litros de álcool.

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