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Usineiro paulista vai para o Acre

No ano que vem entra em operação a primeira usina de álcool do Acre, iniciativa de empresários, pecuaristas, assentados e do governo local. O empreendimento dá início a um processo que poderá reverter a antiga dependência energética do Estado, por meio da substituição do óleo diesel pelo bagaço de cana, viável em três safras. Especialistas dizem que nesse período estará pavimentado o último trecho da saída para o Oceano Pacífico, via Peru: a Ásia receberá o álcool e o açúcar mais baratos do mundo. E o Acre poderá começar uma nova revolução.

A lavoura da cana irá, pela primeira vez, organizar a produção agrícola, com o plantio de feijão, arroz, milho e soja para rotação. A soja pode estimular a produção de óleo e biodiesel. Tudo isso ocupando áreas de pastagens, onde não há nem roça, garante Rodrigo Biagi, da Maubisa Agricultura, de Ribeirão Preto (SP), um dos envolvidos na empreitada. A cultura poderá ainda gerar 200 quilos de créditos de carbono por tonelada plantada, que valem de US$ 5 a US$ 20 (uma tonelada de cana no campo resgata 800 quilos de carbono e o seu processamento e uso emite 600 quilos de carbono).

As primeiras mudas de cana viajaram de avião de São Paulo e Mato Grosso a Rio Branco e de caminhão até Capixaba, a 60 quilômetros, onde está a Usina Álcool Verde, recuperada no ano passado pelo usineiro perbambucano Eduardo Farias, seu colega paulista Maurílio Biagi Filho e pelo ex-governador Jorge Vianna, que comprou do Banco do Brasil a sucata da antiga usina Brasálcool, abandonada em 1979, antes de ficar pronta.

O empreendedor fugiu com o dinheiro do financiamento.

Para rebater a argumentação de que a cana degrada o ambiente, os empreendedores citam um estudo sobre presevarção do solo, em que a cultura aparece como a mais eficiente (Veja tabela). O grupo já implantou 600 hectares para multiplicação de mudas e a primeira safra, que começa em maio, será de pelo menos 500 mil toneladas.

CANA GORDA

Com seis meses, em dezembro, o pé de cana já ostentava três metros. Em São Paulo teria pouco mais de um. Na seca que castigou a Amazônia no ano passado, a cana mais nova cresceu menos, mas resistiu.

A previsão de rendimento é de 110 toneladas por hectare, ante 90 na região de Ribeirão e 78 da média nacional. O desempenho das próximas safras é uma incógnita – não é possível, por exemplo, prever quantos cortes renderão os canaviais acreanos.

Rodrigo Biagi diz que aqueles 600 hectares pioneiros são, na verdade, um grande laboratório. No Acre tudo, de máquinas a insumos, tem de vir de fora. Só os trabalhadores são do lugar. A usina emprega um em cada mil acreanos. Hoje, o álcool consumido no Acre é produzido no Mato Grosso, viaja dois mil quilômetros em caminhão-tanque e chega aos postos, quando chega, a R$ 2,10 o litro. A gasolina custa R$ 2,90 e o diesel, R$ 2,20. O Estado todo, calcula Biagi, consome 70 milhões de litros de álcool por ano. Na primeira safra a Álcool Verde já garantirá 36 milhões de litros.

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