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Usinas veem risco de falta de cana na safra de 2010

O setor sucroalcooleiro interrompeu o boom que vinha registrando nos últimos anos e, em 2008, pisou no freio dos investimentos. Faltas de aumento nos preços, principalmente no caso do álcool, e de crédito congelaram vários projetos.

A demanda, no entanto, não arrefeceu. A prevista continuidade da procura interna por álcool, devido ao crescimento da frota de automóveis bicombustíveis, mantém-se, e um novo ingrediente foi acrescentado ao mercado: déficit mundial de açúcar, com a saída da Índia do mercado externo.

Com a demanda firme e uma redução nos novos projetos no Brasil, pode fal! tar cana na próxima safra, segundo Antonio de Padua Rodrigues, diretor da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar).

Na safra passada, a de 2008/ 9, entraram em funcionamento 30 novas usinas. Neste ano, serão apenas 23. Já a oferta de cana, que vinha crescendo forte nos últimos anos e teve 74 milhões de toneladas a mais do que em 2008/9, em relação a 2007/8, será de 45 milhões a mais neste ano e de apenas 35 milhões no próximo.

A falta de cuidados e de renovação de muitos canaviais vai contribuir ainda mais para essa oferta menor de matéria-prima. Pelo menos 40% da moagem será de cana de quarto corte, que rende de 70 a 75 toneladas por hectare, enquanto a de primeiro corte tem rendimento de 120 a 130 toneladas.

Na safra que se encerrou, 18% da cana moída era de primeiro corte, percentual que recua para 12% nesta safra e para 10% na de 2010/11.

Nova safra

A moagem de cana na safra 2009/10, que já está em andamento, deverá atingir 550 milhões de toneladas na regiã! o centro-sul. Incluindo o Nordeste, a moagem desta safra atingirá 610 milhões.

Diferentemente do que vinha ocorrendo nos anos anteriores, a produção de álcool cresce, mas perde participação na moagem para o açúcar, produto com déficit mundial acima de 5 milhões de toneladas e que passa por uma fase remuneradora nos preços.

A Unica estima que 57,9% da cana moída se destinará à produção de álcool nesta safra, percentual inferior aos 60,5% da safra que se encerrou. Já o açúcar, que utilizou 39,5% da cana na safra 2008/9, utilizará 42,1% nesta.

A demanda maior por álcool e por açúcar deverá melhorar a renda das usinas nesta safra, principalmente das que têm flexibilidade para optar por um dos produtos. Os novos projetos, e que serão responsáveis pela oferta de 95 milhões de toneladas de cana nesta safra, estão mais voltados para a produção de álcool.

As primeiras estimativas da Unica apontam para uma safra de 31,2 milhões de toneladas de açúcar neste ano, 16,6% a mais ! do que em 2008. Já o volume de álcool sobe para 26,3 bilhões de litros, com alta de apenas 4,7%.

Exportações

As exportações de açúcar, devido ao apetite do mercado externo, crescem para 21,7 milhões de toneladas nesta safra, 22,6% a mais.

Já as vendas externas de álcool recuam para 3,6 bilhões de litros, o que corresponde a queda de 15,3%.

O aumento de exportações de açúcar neste ano vão exigir uma disponibilidade maior de crédito, que já está fluindo para o setor, segundo Marcos Jank, presidente da Unica.

As tradings estão voltando e a taxa de juros está próxima de 8%, ante 15% no pico da crise, afirma Padua.

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