Gestão Administrativa

Usinas se aliam à tecnologia de biometria facial para se adequarem às normas da LGPD

Sistema também disponibiliza informações e controle sobre a jornada de colaboradores em tempo real, com ganhos de gestão e produtividade

Usinas se aliam à tecnologia de biometria facial para se adequarem às normas da LGPD

Em vigor desde o último dia 1º, as penalidades previstas na Lei de Proteção de Dados Pessoais (LGPD – 13.709/2018) já podem ser aplicadas. Aprovada em 2018, ela visa regulamentar o uso dos dados pessoais.

Para o agronegócio, no entanto, a LGPD pode ser uma oportunidade para fortalecer ainda mais a relação de confiança entre produtores e organizações do setor, avalia o advogado e sócio do Martinelli Advogados, Ricardo Costa Bruno.

Mas, para consolidar esta parceria, o setor precisa se adequar às mudanças. “Agora, é necessário observar como utilizam os dados pessoais, especialmente aqueles dados que são compartilhados com outras pessoas”, pontua o advogado. O não cumprimento da Lei 13.709/2018, destaca Ricardo Bruno, implica desde advertências até multas que podem variar entre 0,1% a 2% do faturamento da organização.

Na sua avaliação, as organizações que se adequarem à legislação terão mais chances de conquistar e fidelizar mais clientes.  Ele observa que o produtor poderá avaliar e apenas fornecer seus dados a empresas que ele considerar mais seguras. Nesse sentido, completa o especialista, as organizações precisam fazer o seu dever de casa e cumprir com os protocolos da nova lei. “É preciso consultoria especializada para se adequar à legislação”, frisa Ricardo Bruno.

Atualização

Tecnologias que utilizam dados estão em crescimento no agronegócio. Uma pesquisa realizada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontou que, só no ano de 2020, 84% dos agricultores brasileiros utilizaram ao menos uma tecnologia digital como ferramenta de apoio à sua produção.

Em busca de alta produtividade com rentabilidade, as organizações do agro estão investindo cada vez mais em aplicativos e equipamentos com tecnologias embarcadas para oferecer aos produtores soluções mais personalizadas. Para isso, é necessário captar um grande volume de dados. “Se uma instituição está em conformidade com a LGPD, ela pode utilizar esses dados com toda a tranquilidade e segurança”, sublinha o advogado.

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Biometria facial

“A lei 13.709/2018 é um grande marco jurídico. Ela foi criada para proteger os dados de pessoas físicas”, destaca Ricardo Bruno. O advogado explica que, no processo de regularização da lei em uma empresa ou cooperativa, por exemplo, a primeira ação a ser desenvolvida é saber como os dados são trabalhados e qual o destino deles.

Ricardo Bruno explica que colocar em prática as regras da LGPD depende de uma ação conjunta entre os departamentos das organizações, envolvendo os setores de TI, jurídico, RH, os gestores, entre outros.

Entre as tecnologias que entregam esse pacote e vem crescendo em conceito junto aos gestores está o DT FACEUM, ferramenta de reconhecimento facial produzido pela Dimastec, que vem revolucionando a marcação de ponto nas usinas.

Atualmente com 15 usinas em seu portfólio de clientes, Dimas Fausto, presidente da Dimastec, assegura que o sistema é totalmente aderente às regras de segurança da LGPD. Não só a tecnologia como também à empresa fornecedora. “Até o final deste ano deveremos retirar nossa certificação ISO 27001, norma padrão e referência internacional para a gestão da Segurança da Informação, assim como a ISO 9001 é a referência internacional para a certificação de gestão em Qualidade”, afirmou Dimas.

O DT FACEUM vem se consolidando como tecnologia fundamental para a gestão de recursos humanos. Seu banco de dados é armazenado na nuvem, com toda a segurança da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, assegura.

Biometria facial revoluciona a marcação de ponto nas usinas

O reconhecimento facial deixou de ser ficção científica e agora faz parte da rotina de várias usinas, graças às suas características de avanço arrojado diante da marcação tradicional, e o mais importante: possibilitando às empresas ganhos significativos.

Desenvolvido pela Dimastec, uma empresa dedicada à gestão de pontos e controle de acesso, sediada em Ribeirão Preto – SP, o DT FACEUM é um ótimo exemplo de inovação neste sentido. Trata-se de um revolucionário aplicativo que leva mobilidade à marcação do ponto onde quer que o colaborador esteja.

O aplicativo pode ser instalado em qualquer gadget, como smartphone ou tablet, para fazer a gestão da jornada de trabalho. Funciona como um relógio de ponto na plataforma digital, que utiliza inteligência artificial e integra-se com qualquer sistema ERP do mercado ou que a empresa já esteja utilizando.

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Ewerton Ramires, analista de Sistemas Senior da Usina Rio Amambai Agroenergia

Segundo Ewerton Ramires, analista de Sistemas Senior da Usina Rio Amambai Agroenergia, o sistema tem proporcionado muitas facilidades, sem contar uma redução de custo em torno de 15 a 20%, gastos na manutenção dos antigos relógios. Atualmente a ferramenta atende a um grupo de 300 a 400 colaboradores, mas a intenção é que futuramente, toda a usina seja atendida pelo reconhecimento facial.

Para Dinael Veiga, supervisor de Recursos Humanos na Vale do Paraná S.A. Álcool e Açúcar, trata-se de um sistema muito fácil de operar. Ele gera um mapa em tempo real onde foi feito o registro do ponto, dando uma segurança muito grande para a empresa.

Ele explica que a usina começou a implantação da biometria facial em 2019. “Porém usávamos um outro sistema, que vinha trazendo algumas dificuldades. Em contato com a Dimastec, a empresa garantiu que o DT FACEUM se integraria com o sistema. E a implantação foi rápida. Em menos de uma semana ele já estava operando”, disse.

Segundo Dinael a implantação do reconhecimento facial se deu de forma gradativa até que no mês de abril 100% dos relógios foram substituídos, incluindo a área administrativa e industrial.  “Não temos nenhum problema de perda de informação, mesmo que a ferramenta fique off line, o que ajuda muito no campo, por que existem vários pontos cego, sem sinal de celular”, explicou.

O supervisor informou que a usina estuda a utilização da ferramenta na análise de presença em treinamento e também na entrega de EPI para funcionários.

Precisão e transparência

Dinael Veiga, supervisor de Recursos Humanos na Vale do Paraná S.A. Álcool e Açúcar

A tecnologia por trás do DT FACEUM é que o torna revolucionário. O sistema oferece precisão, transparência e praticidade à marcação de ponto, pois salva as informações de geolocalização no momento exato do registro. Também possibilita, através de uma demarcação, que o administrador limite áreas onde o ponto pode ser batido, evitando assim que o colaborador esteja em outro local durante o expediente. Assim como possibilita dar as entradas e saídas de ponto do colaborador, por dispositivo e times e relatórios AFD (Arquivo Fonte de Dados) no mesmo dia, para auditoria fiscal do trabalho.

“É um processo muito preciso e rápido. Com o DT FACEUM, o reconhecimento facial é feito em dois segundos, o que implica em menos tempo perdido. A tecnologia possibilita ter uma série de informações sobre a jornada de cada colaborador em tempo real, com a marcação de ponto feita de qualquer lugar, como no campo, mesmo no turno noturno ou até se o funcionário estiver em home office. É um ganho muito grande de produtividade e de gestão”, garante Dimas Fausto, presidente da Dimastec.

Para fazer o reconhecimento facial, algoritmos de inteligência artificial são usados para detectar diferentes pontos faciais como olhos, sobrancelhas, contornos dos lábios, ponta do nariz, entre outros. Com a plataforma de inteligência artificial desenvolvida pela Dimastec, o aplicado reconhece os pontos mapeados e registra. Também acompanha as mudanças do dia a dia do colaborador, como corte de cabelo, uso de óculos ou até mesmo envelhecimento.

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Dimas Fausto, presidente da Dimastec

De acordo com Fausto, não há necessidade da empresa investir em infraestrutura para a implantação da solução. O aplicativo pode funcionar no modo corporativo, implantado em um dispositivo que fica na mão de um líder para fazer os registros ou no modo individual, sendo acessado pelo próprio funcionário. Além disso, é leve e o banco de dados é armazenado na nuvem, com toda a segurança da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), conforme já citado.

Evita também outro problema encontrado no campo, como a falta de conectividade, já que a marcação é feita no módulo offline. “As informações são armazenadas no cache de memória do celular e quando tiver sinal, a informação é enviada para o banco de dados”, explicou.

O sistema representa ainda redução de custo, pois elimina investimentos na aquisição e manutenção dos relógios de ponto. “Cada relógio tem um custo de R$ 6 mil, imagina uma usina que tem mil colaboradores, tem que ter no mínimo 50 relógios para fazer a marcação no campo. Estamos falando de R$ 300 mil no mínimo de investimento, fora a manutenção, que é altíssima. Com a interação digital, os tíquetes não precisam ser impressos, pois são eletrônicos e vão direto para o e-mail do colaborador”, detalha o presidente da Dimastec.

Esta matéria faz parte da edição 329 do JornalCana. Para ler, clique AQUI!