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Usinas são alvo de fusões e aquisições

Superprodução de matéria-prima poderá levar a uma concentração do setor sucroalcooleiro. O ritmo de fusões e aquisições no segmento sucroalcooleiro, que se tornou bastante intenso entre os anos de 2000 e 2002, mas que perdeu fôlego em 2003, pode voltar a se acelerar no próximo ano. “Existe uma previsão de crise no setor nos anos de 2004 e 2005 por conta da estimativa de super produção de cana-de-açúcar. Em geral, anos de crise se traduzem em grandes oportunidades para o avanço dos negócios”, avalia José Pessoa de Queiroz Bisneto, presidente do Grupo J. Pessoa, com nove usinas de açúcar e álcool no Brasil.

De acordo com pesquisa da PriceWaterhouseCoopers, o Grupo J. Pessoa foi a segunda empresa com maior número de aquisições nos últimos anos, com a compra de seis usinas no período de oito anos, atrás apenas do Grupo Cosan, com nove aquisições e uma parceria entre 2000 e 2002.

“A Cosan traçou a estratégia de crescimento por meio de aquisição, mas um dos fatores que estimulou o movimento de fusões e aquisições foi o equilíbrio vivenciado pelo setor a partir de 2000, após uma severa crise de baixos preços registrada em 1998 e 1999”, diz José Paulo Neto, sócio da PriceWaterhouseCoopers e diretor do escritório da companhia em Ribeirão Preto. “Sempre acreditei no setor. Por este motivo, os momentos de crise foram oportunos para expansões”, diz Pessoa.

De acordo com Antonio de Padua Rodrigues, diretor da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), existem três diferentes cenários: as compras ou parcerias; a reativação de usinas que estavam paralisadas; e a instalação de novas unidades. Ele lembra que, além das fusões e aquisições, novas indústrias foram instaladas no Triângulo Mineiro no ano passado e neste ano, e que pelo menos quatro usinas que estavam desativadas foram retomadas somente este ano.

“Este movimento se deve aos bons preços pagos pelo açúcar a partir de 2000, ao equilíbrio da oferta e demanda de açúcar no mercado brasileiro e ao início da especulação sobre o potencial do mercado de álcool, tanto no Brasil quanto no exterior”, afirma Rodrigues.

Além do crescimento dos grupos Cosan e J. Pessoa, vale ressaltar o ingresso de empresas estrangeiras, que também se intensificou na virada do século. Atualmente são quatro grupos multinacionais em atuação no Brasil: FDA (por meio de parceira com Cosan), Coinbra, Glencore e Béghin-Say que, juntas, respondem por cerca de 10% do esmagamento total do Brasil. O baixo custo de produção no País, cerca de 30% menor que o de importantes concorrentes, colocam o Brasil em posição de destaque no mercado internacional.

As estimativas da Unica realizadas em agosto apontam para produção de 287,9 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na região Centro-Sul. A produção de açúcar será de 19,1 milhões de toneladas. Já a produção de álcool somará 11,9 bilhões de litros.

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