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Usinas patinam na produção de etanol

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês) projeta para 2020 um total de 72 bilhões de litros de álcool combustível. O Brasil, com mais de 27,5 bilhões de litros no atual ano-safra, seria um candidato natural a abastecer a sede mundial por etanol, não tivesse tropeçado na falta de investimento dos últimos três anos.

Nas contas da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), o país precisaria instalar em média 15 usinas novas por ano para dar conta da demanda interna e das exportações que o mercado projeta para 2020. Isso exigiria investimentos de R$ 80 bilhões em dez anos. Desde a crise de 2008, apenas uma dezena de projetos saíram do papel. “Tudo será recuperado”, garante Antônio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da Unica.

Ele acredita que até 2016 todos os projetos serão retomados. Até lá, o Brasil tem de tratar de usar a imensa capacidade ociosa de 150 mil toneladas/ano. Hoje o setor é capaz de esmagar 750 mil toneladas de cana anualmente, mas só tem 600 mil toneladas do produto para moer. Falta cana no mercado.

“A crise é estrutural porque não se investiu na expansão da cana”, analisa Marcos Buckeridge, pesquisador da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e coordenador do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE). Segundo ele, as metas do CTBE até 2016 preveem soluções técnicas para o aumento da oferta de álcool. Ele cita pesquisas sendo desenvolvidas para a produção de etanol a partir do sorgo no Rio Grande do Sul. O sorgo seria plantado em áreas de reforma de canavial.

“O Brasil deveria ter gastado mais para tornar a pesquisa mais atrativa”, indica Jaime Finguerut, gerente de desenvolvimento estratégico do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC). Os ganhos de produtividade conseguidos pela pesquisa nacional hoje são residuais, porque o país já avançou muito na tecnologia. Necessário agora é uma quebra de paradigma. E ela está por vir com o desenvolvimento comercial do etanol de segunda geração, que pode elevar em 30% a produção sem aumentar a área plantada. (E.B.)

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