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“Urgência climática exige aceleração na implantação de soluções de baixo carbono”, afirma cientista Carlos Nobre

Roda de conversa realizada pela Tereos nesta segunda, em São Paulo, reforçou a importância da descarbonização para limitar o aquecimento global em até 1,5ºC

“Urgência climática exige aceleração na implantação de soluções de baixo carbono”, afirma cientista Carlos Nobre

A busca por soluções de baixo carbono foi o tema central da roda de conversa “Desafios e caminhos para a descarbonização no setor sucroenergético”, promovida pela Tereos, uma das líderes globais na produção de açúcar, etanol e bioenergia. O evento, realizado nesta segunda-feira em São Paulo, reuniu Pierre Santoul, diretor-presidente da Tereos no Brasil, Felipe Mendes, diretor de sustentabilidade, novos negócios e relações institucionais da Tereos, e o cientista e climatologista Carlos Nobre, sob a mediação da jornalista Renata Maron.

A Tereos, que recentemente aderiu à iniciativa Science Based Targets (SBTi) de forma pioneira no setor, reafirmou durante o evento seu compromisso com a descarbonização. Ao divulgar sua adesão ao SBTi, a empresa também anunciou seu programa para zerar suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) até 2050, no máximo, em toda a sua cadeia de valor, desde as atividades agrícolas até a transformação e comercialização dos seus produtos.

“Temos o compromisso SBTi e estamos engajados em uma jornada robusta de descarbonização, contribuindo para o setor sucroenergético aumentar ainda mais o seu impacto positivo na matriz energética brasileira”, pontuou Santoul. Atualmente, o setor sucroenergético brasileiro contribui com quase 20% da matriz energética do Brasil por meio da geração da energia elétrica a partir da biomassa e da produção de etanol.

O executivo destacou ainda a importância do trabalho colaborativo entre empresas, poder público e sociedade para enfrentar os desafios climáticos. Para ele, a busca por soluções inovadoras, ganho de eficiência e investimento em transição energética são pilares essenciais para o desenvolvimento de um futuro mais sustentável. Santoul ressaltou também o investimento em tecnologias como inteligência artificial, drones e Internet das Coisas (IoT) para tornar a produção mais eficiente e sustentável.

O climatologista Carlos Nobre, por sua vez, alertou para a urgência da questão climática e lembrou destacou que o planeta está próximo de um aumento de 1,5 grau celsius em sua temperatura média, algo que era esperado somente daqui a cerca de uma década. O cientista reforça que, caso siga no mesmo ritmo, até 2050 a temperatura média será elevada em 2 graus, atingindo diversos problemas incontornáveis, os chamados “pontos de não retorno”, entre eles a extinção dos corais em todo mundo, a perda de metade da Amazônia e o descongelamento do “permafrost” (solo congelado que retém gases de efeito estufa), o que poderia resultar na injeção de bilhões de toneladas de GEE na atmosfera.

Nobre comentou, ainda, sobre a agricultura regenerativa como uma solução eficaz para mitigar parte dos impactos. “A agricultura regenerativa, além de ser até quatro vezes mais produtiva que a tradicional, oferece uma série de benefícios para o meio ambiente. Ela reduz o risco de erosão do solo, aumenta a capacidade de retenção de água, sequestra carbono da atmosfera e contribui para a preservação da biodiversidade”, explicou o cientista.

Felipe Mendes detalhou as iniciativas da Tereos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, como a meta de reduzir em 50% as emissões industriais de carbono nos escopos 1 e 2, assim como em 36% as emissões agrícolas (FLAG – Forest, Land and Agriculture), ambas até a safra 2032/2033. O diretor de sustentabilidade também ressaltou o potencial do etanol como alternativa sustentável aos combustíveis fósseis e a importância de um marco regulatório, como o projeto de lei “Combustível do Futuro”, para incentivar a produção e o consumo de biocombustíveis.

Mendes também apresentou as iniciativas da Tereos em biogás e biometano, a renovação da frota de caminhões para modelos menos poluentes, o uso de fertilizantes orgânicos e de baixo carbono como alavancas de descarbonização.

A roda de conversa, que também celebrou o lançamento do Relatório de Sustentabilidade da Tereos 2023/2024, reforçou a importância da transparência e do diálogo perante os seus stakeholders e como a estratégia de negócio e de sustentabilidade estão interconectadas.