Usina São Francisco recupera suas matas
A Usina São Francisco está fazendo um levantamento sobre o impacto da agricultura orgânica em suas áreas de plantio. O trabalho é coordenado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, com auxílio da ONG Ecoforça. A pesquisa concluiu que os antigos 5% das terras cobertas com vegetação natural, em 1987, constituem atualmente um conjunto de ecossistemas em diferentes estágios de recuperação, totalizando 15% da propriedade. O estudo teve como base imagens de satélite, feitas na última década.
No período entre 1986 e 1997, a Usina São Francisco trocou totalmente os plantios tradicionais para 100% de cana orgânica, o que hoje representa um aumento real de produtividade de 10% em canaviais que já eram um dos mais produtivos do país.
Ao todo foram monitorados cerca de 7.900 hectares. O trabalho é exclusivo e resultou em aumento substancial da biodiversidade em toda a propriedade. É um grande impacto da mudança do manejo, explica Leontino Balbo Júnior, diretor da Usina São Francisco.
Além do aumento da produtividade, o investimento na cultura orgânica também rendeu a conquista de um filão de mercado diferenciado muito bem remunerado, garantido por uma certificação internacional.
O Grupo Balbo é proprietário da marca Native Alimentos, que produz 22 mil toneladas de açúcar – 90% exportados para 27 países distribuídos em todos os continentes. Sob a marca Native, a usina comercializa toda a linha de açúcar, café, e agora o suco de laranja em embalagem TetraPak. A venda destes produtos gera dividendos satisfatórios.
Também foi substituída a tradicional queimada, ocorreu a mecanização da colheita de cana crua. Para completar o trabalho, foram contratados especialistas que discutiram as formas de digestão da palhada, com o objetivo de favorecer à microfauna e microflora detritívoras – animais, bactérias, fungos e plantas minúsculas, capazes de transformar a palha da cana em matéria orgânica.
Outra mudança visou o melhor manejo do solo vivo e, para isso, houve investimento na fabricação de minhocas. Atualmente, existem quase 2 milhões destes animais por hectare, responsáveis pela movimentação de 500 toneladas de terra por ano, o que garante uma terra mais fértil. Com o desenvolvimento da iniciativa, vários animais da fauna silvestre se aproveitaram da falta de agrotóxicos e fertilizantes para se instalar no canavial.
