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Usina protela negócios com futuros de açúcar

Apesar dos preços mais altos do açúcar nas telas da CME Futures para o próximo ano, as fixações da safra 2009/10 estão lentas, quase paralisadas. Usinas e tradings colocaram o pé no freio nas negociações antecipadas, até que o cenário fique mais claro, sobretudo quanto à taxa de câmbio e ao potencial de alta da commodity, que no próximo ano deve registrar déficit de oferta. O mercado estima que as fixações de preço de açúcar para o próximo ciclo estacionaram nos patamares de 20% e 25%. Apesar de não haver uma média histórica, o percentual é considerado baixo, segundo Michael Betenson, diretor-comercial da trading Crystalsev, que sozinha movimentou no ano passado 8% da produção brasileira de açúcar.

“O valor do real está muito forte, o que deprecia o preço da exportação. Além disso, o mercado está com receio de necessitar de muito capital para bancar margeamento na bolsa. Em geral, as instituições financeiras estão conservadoras para conceder crédito a tradings e usinas. Fechar muita posição agora em bolsa neste momento é aumentar o risco de precisar de capital e depois não ter essa disponibilidade”, avalia Betenson.

A safra de açúcar em andamento (2008/09) está com mais de 95% da produção fixada, a valores entre 11 e 13 centavos de dólar por libra-peso, aproximadamente. Os preços para a safra 2009/10 já superam os 15 centavos de dólar, ainda assim, os negócios estão parados. “Nesta época do ano passado, a fixação estava bem mais alta. Mas, o contexto era outro. A perspectiva era de que os preços iriam cair mais ao final do ano, com a grande produção da Índia”, recorda Mário Silveira, analista de gerenciamento de risco da FCStone. A estimativa da consultoria é de que a Índia produza em 2009 20 milhões de toneladas de açúcar, 23% menos, o que pode fazer com que de exportador, o país tenha que importar açúcar.

José Carlos Toledo, acionista do Grupo Equipav, explica que por conta da depreciação do dólar e do aumento dos custos de produção, os valores do açúcar para 2009 no patamar de 15 centavos por libra-peso não remuneram mais o custo de produção da usina no Brasil. De acordo com a consultoria Datagro, o custo de produção do açúcar elevou-se 19,8% entre fevereiro de 2007 e abril deste ano, saindo de R$ 19,26 por saca (50 quilos) para R$ 23,08. Nos últimos doze meses, o dólar desvalorizou-se 20,08%.

Toledo conta que a safra 2009/10 de açúcar começou a ser fixada quando a libra-peso para 2009 estava nos níveis de 12,70 centavos. As usinas aproveitaram a alta nas cotações para recomprar contratos e melhorar o desempenho da venda, mas ainda assim, a negociação se mostra abaixo do custo de produção, segundo o empresário, que também preside a União dos Produtores de Bioenergia (Udop), que representa as usinas do Oeste de São Paulo.. “O Grupo Equipav, por exemplo, conseguiu melhorar as posições para algo próximo de 14,70 centavos de dólar por libra-peso. O positivo é que o volume negociado ainda é pequeno, ou seja, apenas 15% da nossa produção do ano que vem, estimada, em 12 milhões de toneladas”, avalia Toledo.

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