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Usina prioriza açúcar e faz álcool subir no 2º semestre

Que o preço do álcool nos postos de Ribeirão não permanecerá no patamar atual por muito tempo a maioria dos consumidores deve imaginar. O que não preveem é que o preço pode até dobrar no segundo semestre, devido à prioridade na produção de açúcar. As usinas vão priorizar o açúcar porque há déficit no mercado global e, portanto, dará maior rentabilidade aos usineiros, que conquistarão mercados.

Isso deverá fazer com que haja menos álcool, elevando o seu preço, hoje considerado abaixo do custo. O assunto foi um dos discutidos por especialistas, políticos e usineiros em conversas no 2º Ethanol Summit, realizado de segunda a quarta no WTC, em São Paulo, que contou com a participaçã o do ex-presidente dos EUA Bill Clinton numa plenária.

O preço atual do álcool -que iniciou a safra com o mais baixo valor desde 2004- só é praticado porque as usinas estão com dificuldade de caixa e, portanto, precisam de recursos. A superprodução de cana agravou a situação: serão 550 milhões de toneladas no Centro-Sul, contra 505 milhões da safra passada. “O preço está baixo por causa do excesso de cana e da falta de caixa. Se tivesse excesso sem necessidade, não cairia. Se tivesse necessidade sem excesso, também não. Está ruim porque juntou duas situações”, disse João Sampaio, secretário de Estado da Agricultura.

A partir do segundo semestre, no entanto, o preço deve subir. Participantes do Ethanol Summit ouvidos pela Folha sob a condição de anonimato disseram que o preço pode até dobrar e que o praticado em Ribeirão (R$ 0,85) é irreal. Disseram, ainda, que a maior alta deve ocorrer até agosto. O usineiro Maurilio Biagi Filho disse que o preço subirá quando a “usina parar de forçar a oferta”. “Ela força por falta de crédito, vira um círculo vicioso”, afirmou ele, que disse crer na recuperação do preço para as usinas a partir de novembro.

Já Sampaio disse que o valor atual -exceto em Ribeirão- é competitivo. “Cair mais significa diminuir ainda mais a rentabilidade de usinas e produtores, o que é ruim para a economia”, afirmou ele.

No Summit, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) disse que a União apoia o setor, que contribui para o ambiente. Já o governador José Serra (PSDB) disse que a cana é importante por gerar mais renda. “São R$ 4.000 por hectare, contra R$ 1.500 da soja e do milho.”

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