JornalCana

Usina prevê fusões e avanço estrangeiro

O usineiro Eduardo Farias, do Grupo Farias (um dos dez maiores produtores de álcool do país, com dez usinas em cinco Estados), prevê que o setor passará por um processo de compra e fusão de empresas, em que os mais capitalizados engolirão os menores, e avisa: “”sou comprador”.

As expectativas do setor são as de que as fusões resultarão em maior concentração da produção em menos empresas e de aumento da participação estrangeira. Estudo interno do BNDES confirma a tendência de fusões.

“Os investidores estrangeiros não dependem da atividade do setor para captar dinheiro e devem ocupar mais espaços comprando empresas menores”, afirma Josias Messias, presidente da publicação especializada “Jornal Cana”, de Ribeirão Preto (SP).

O presidente do sindicato dos fabricantes do Açúcar (Sindaçucar) e do álcool (Siamig) de Minas Gerais, Luiz Custódio Cotta Martins, diz que 7,5% da cana produzida no país é processada por multinacionais e que no Estado de Minas a proporção é de 14%, em razão da presença de grandes investidores, como Soros e Infinity, e de grupos como Cargill, Bunge e Dreyffus.

“Vamos enfrentar uma dificuldade conjuntural por dois anos. Quando só existiam empresas nacionais no setor, se havia crise, o pessoal parava de plantar, e, na safra seguinte, a produção caía e os preços voltam a subir. Com as múltis, isso não acontece. Elas não param. Não haverá diminuição. A tendência é só de aumento. As usinas que não tiverem capital para resistir, serão absorvidas pelas outras”, afirma Martins.

Não há consenso sobre o número exato de projetos em fase de implantação. Os números variam entre 90 e 110. Segundo a Unica, está prevista a entrada em operação de 29 usinas durante o ano de 2008, das quais 13 estão localizadas no Estado de São Paulo.

Segundo estatísticas do Ministério de Minas e Energia, há no país 367 usinas em funcionamento, das quais 16 produzem apenas açúcar, 78 produzem somente álcool e o restante tem produção mista.

O Centro-Sul concentra 78% do total de unidades instaladas e responde por 91% do álcool produzido.

Equipamentos

A desaceleração de projetos de implantação de usinas, segundo as empresas, não diminuiu o nível de ocupação industrial dos fabricantes de equipamentos, em razão das encomendas de usinas completas de grandes investidores e, ainda, da demanda por caldeiras para a produção de bioenergia a partir do bagaço da cana.

A Sermatec Indústria e Montagens, de Sertãozinho (SP), afirma que está com 100% de sua capacidade ocupada até 2009 e que os projetos em fase final de contratação asseguram a ocupação plena até 2010.

“Os grandes grupos nacionais e estrangeiros, que planejam a longo prazo, não interromperam nem adiaram projetos. Isso também nos deu possibilidade de planejar a médio prazo, o que nunca havia acontecido no Brasil. Antigamente, ninguém falava em três anos de pedidos em carteira no nosso setor”, disse Marcelo Tapanelli, superintendente da Sermatec.

Ele diz que a empresa planeja construir uma “fábrica de usinas” nas regiões de expansão do álcool (Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais) e que acredita que o problema conjuntural da produção será superado. Segundo ele, a desaceleração de investimentos começou em meados de 2007 e é percebida na fase de consulta, que antecede as encomendas.

Executivos dizem que é difícil quantificar a desaceleração, porque ela se dá entre empresas nacionais já atuantes no setor, que fazem seus próprios projetos e fracionam a compra dos equipamentos entre vários fabricantes. Ao contrário dos novos investidores, que encomendam o projeto completo. (Elvira Lobato e Pedro Soares)

Inscreva-se e receba notificações de novas notícias!

você pode gostar também
Visit Us On FacebookVisit Us On YoutubeVisit Us On LinkedinVisit Us On Instagram