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Usina não é engenho

Atividade centenária que se confunde com os primórdios da economia brasileira, a produção de açúcar e álcool a partir da cana-de-açúcar passa por uma nova fase de expansão no País. Alimentado pelas receitas das exportações agrícolas – ano passado elas somaram US$ 24 bilhões- e pelas vendas no mercado interno, o setor agroindustrial é um campo virtualmente sem limites para empresas de automação de processos. A indústria de açúcar e álcool é, dentro deste universo, um caso à parte: além das boas vendas ao exterior, as empresas sucroalcooleiras contam com um parceiro de peso no Protocolo de Kyoto, o acordo global de redução de lançamento de poluentes na atmosfera. Com os prazos do Protocolo correndo, muitos países começam a olhar com interesse para o álcool anidro brasileiro, substituto ecologicamente correto para os combustíveis fósseis. As exportações deste combustível derivado da cana, hoje em 500 milhões de litros anuais, podem dobrar ou triplicar nos próximos anos. Com essa soma de fatores, o mercado sucroalcooleiro reforça investimentos em equipamentos e na automação de processos, dando a empresas como a PZ Eletromecânica, de Piracicaba (SP), possibilidades ímpares de expansão tanto no front interno quanto na exportação de tecnologias nacionais. É o que conta na entrevista Allan Zem, especialista em Informática Industrial que dirige o time de desenvolvimento da PZ.

JornalCana – Existe alguma mudança sensível no comportamento das usinas de açúcar e álcool em relação à automação?

Allan Zem – Sim, com certeza. As pessoas começam a perceber que usina não é engenho. Essa percepção demorou anos para se cristalizar, mas agora há empresas do setor partindo para o ISO, a certificação de qualidade total, e para a mais minuciosa automação de seus processos industriais como forma de manter a qualidade dos produtos finais e de diminuir desperdícios.

Há então boas perspectivas de negócios para empresas de projetos e implantação de novas tecnologias neste mercado?

Existe demanda reprimida por soluções de automação e o mercado é tão grande e pulverizado que fica até difícil quantificá-lo. Boa parte das usinas ainda usa as famosas “gambiarras” em lugar de ter um processo de automação bem planejado, e são elas justamente umas das primeiras que devem entrar em reformas estruturais. E isso no mercado de São Paulo, o maior e mais desenvolvido do País. No Nordeste, ainda há usinas que trabalham quase que como os engenhos coloniais. Quer dizer, há mercado potencial para automação de todo o lado.

JC -_A performance do açúcar brasileiro no mercado mundial vem ajudando?

Zem – O que mais se procura hoje é a automação da produção do açúcar, para melhorar e uniformizar a qualidade do produto final. Nós usamos sistemas supervisores e Controladores Programáveis da Atos em todos os processos de produção das usinas, mas normalmente, tanto na produção de açúcar quanto na de álcool, a automação se dá em etapas. Primeiro os usineiros nos procuram para implantar Controladores Programáveis nas máquinas convencionais que eles já têm. Depois de algum tempo, já acostumados aos benefícios da automação, partem para equipamentos novos com projetos completos de automação.

JC – Que benefícios são estes?

Zem – Ao se automatizar, a usina fica imediatamente mais produtiva. Ela produz mais em menores prazos e minimiza perdas de material. Sem automação, um único erro do operador pode desde por a perder um lote em produção até danificar máquinas. Os benefícios para a usina, porém, são bem maiores que apenas evitar perdas operacionais. Hoje, uma usina pode ser totalmente controlada, em detalhes, a partir de uma sala onde se concentram os monitores e centrais de supervisão de automação. Com CLPs e outros equipamentos da Atos, implantados em projetos nos quais contamos ainda com a expertise em software da Jonfra (representante Atos em Monte Mor, no interior de São Paulo), automatizamos o processo desde a entrada da cana na área de moagem até o controle de uso de eflúvios como o vinhoto. Hoje em dia o vinhoto é usado como um poderoso adubo, irrigando os canaviais, e isso é também gerenciado por CLPs Atos, assim como as máquinas de produção de açúcar e de álcool, a geração de energia elétrica na usina, a captação de água e as caldeiras.

JC – É difícil quantificar estes benefícios?

Zem – Muito, porque há muita variação no formato operacional e nos equipamentos entre as diversas usinas. Mas, de modo geral, na área de produção de açúcar o aumento pode girar em torno de 100%. Enquanto a máquina com operador humano faz um ciclo, o equipamento automatizado faz dois.

JC – Há alguma usina já totalmente automatizada?

Zem – Sim, diversas. Uma das grandes usinas que automatizamos de fio a pavio é a Jacarezinho, no Paraná. Há uma mesa nossa controlando a geração de energia, equipamentos gerenciando as centrífugas de álcool e as máquinas de açúcar, que podem produzir quase 20 mil sacas de 50 quilos de açúcar por dia, e várias outras soluções em toda a corrente de produção.

JC – Como é atuar no mercado sucroalcooleiro?

Zem – Não chega a ser simples, mas temos uma estratégia vitoriosa. Quando os administradores de uma usina não se convencem do que podem ganhar com a automação, nós implantamos o controle por CLP em uma única máquina por 15 dias. Todas as vezes que usamos este expediente a usina colocou CLPs em pelo menos mais um equipamento.

JC – As usinas por vezes ficam em locais remotos. Como se dá a assistência técnica?

Zem – Os proprietários preferem CLPs nacionais como os da Atos justamente pela questão de assistência em caso de quebra. A reposição de peças é tão rápida que as usinas não precisam montar estoques. Melhor ainda, temos várias usinas que utilizam CLPs da Atos há cinco anos ou mais sem nunca ter necessitado a troca de um único equipamento.

Serviço

PZ Eletromecânica – www.pzeletromecanica.com.br

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