JornalCana

Usina investe na reutilização da água no processo industrial

A Mundial Açúcar e Álcool, de Mirandópolis, é pioneira na utilização de uma nova tecnologia que atua na recuperação da vinhaça, subproduto resultante da destilação e fermentação da cana-de-açúcar no processo de fabricação do álcool.

O benefício para a usina é a reutilização da água no processo industrial. “A tecnologia é revolucionária em termos de meio-ambiente, principalmente, pelo reuso da água”, afirma o supervisor de produção da Mundial, Hugo Valentim.

A produção da vinhaça varia de acordo com os processos de fabricação do álcool, mas em geral, para cada litro de álcool produzido são gerados entre 10 e 15 litros de vinhaça. O produto é utilizado pelas usinas na fertirrigação, ou seja, é aplicado em áreas de plantio de cana-de-açúcar, por ser rica em material orgânico, como potássio, cálcio e fósforo.

Entretanto, o produto tem características poluentes e, se atingir o lençol freático, pode causar problemas de contaminação em função de sua acidez, daí a dificuldade em reaproveitá-lo ou eliminá-lo. Além disso, o custo do transporte da vinhaça é economicamente inviável, dependendo da distância. “Se o produto for transportado por mais de 20 quilômetros, o custo do transporte supera o valor do adubo que a vinhaça tem”, explica Valentim.

Com o objetivo de aproveitar o produto, a empresa de fertilizantes Agrif, de Vargem Grande do Sul (SP), desenvolveu e patenteou o projeto de recuperação da vinhaça. O processo transforma 80% da parte líquida do produto em água destilada com PH controlado em 7,2% e o restante em potássio peletizado — granulado.

“A água pode ser reutilizada no sistema industrial ou devolvida para o rio sem agredir o meio ambiente”, explica o sócio-diretor da Agrif, Paulo Pistoresi. Já o potássio pode ser estocado e utilizado na aplicação do solo.

Segundo Pistoresi, a vantagem do uso do equipamento que recupera a vinhaça é a queda no custo do tratamento da água, utilizada entre outros fins para o processo de destilação, nas caldeiras e na lavagem da cana-de-açúcar. “As usinas gastam muito com o tratamento da água”, afirma.

REAPROVEITAMENTO – Outra vantagem é que o volume de água retirado dos rios também vai diminuir, já que o recurso natural poderá ser reaproveitado no processo industrial, na irrigação dos canaviais ou ser devolvido para o rio. Quanto ao potássio produzido no processo, poderá ser estocado pelas usinas e importado em menores quantidades.

“A população também acaba ganhando com o fim do odor característico da vinhaça”, ressalta.

Pistoresi explica que o processo é realizado em quatro etapas: a vinhaça entra na máquina através de um duto a uma temperatura de 90 graus Celsius. Começa então o controle do PH e em seguida é feita a quebra da proteína. Depois as partes sólidas e líquidas saem da máquina por locais diferentes.

Valentim explica que a máquina, que entra em funcionamento dentro de 10 dias na usina, ainda é um piloto em escala industrial.

A capacidade de transformação é de 250 mil litros de vinhaça por dia. Dos 200 mil litros de álcool produzidos pela usina diariamente, são gerados 3 milhões de litros de vinhaça. “O restante continuará sendo utilizado na fertirrigação”, afirma.

A Mundial mói 5.500 toneladas de cana-de-açúcar por dia e deve chegar ao final da safra, previsto para a segunda quinzena de dezembro, em 900 mil toneladas de cana. A produção de açúcar é de 7.500 sacos/dia. A previsão é chegar a 1.200.000 sacas de açúcar e 32 milhões de litros de álcool.

Inscreva-se e receba notificações de novas notícias!

você pode gostar também
Visit Us On FacebookVisit Us On YoutubeVisit Us On LinkedinVisit Us On Instagram