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Usina Caeté e Ufal iniciam reflorestamento de mata ciliar

No dia 17 de março, pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e técnicos da Usina Caeté deram continuidade a uma ação de reflorestamento da mata ciliar do riacho Retiro, que deságua no rio São Miguel. Iniciada dia 12 de março, a atividade foi realizada com planejamento e orientação dos pesquisadores e apoio técnico e logístico da usina. A iniciativa contou com a participação de 35 alunos da Escola Conceição Lyra, instituição de ensino mantida pela unidade industrial desde a década de 60.

Somando-se às 300 mudas já reintroduzidas na área, foram plantadas cerca de 200 plantas de 32 espécies nativas da Mata Atlântica, resultantes do projeto desenvolvido há um ano e seis meses pelos pesquisadores da Ufal Maria Cecília Bello de Lima, Ulysses Gomes Cortez Lopes e Flávia de Barros Prado Moura, com a participação dos estagiários João José Claudio de Miranda e José Lima Rosa Neto.

O projeto está sendo desenvolvido na fazenda São José, numa área de preservação permanente (APP), protegida por lei federal. Para cada um dos 90 hectares da APP, os pesquisadores estimam plantar cerca 1.100 mudas, perfazendo um total de 100 mil mudas. “A previsão é atingir essa meta em dois anos, sem contar com as espécies que vão surgir naturalmente”, lembrou o pesquisador Ulysses Cortez. A ação trará benefícios diretos as 15 nascentes já identificadas na APP.

A etapa inicial do projeto, realizada durante o período de agosto de 2007 a maio de 2008, consistiu na coleta de plântulas (embriões vegetais que começam a desenvolver-se pelo ato da germinação) em áreas de preservação permanente da Usina Caeté, e transplantadas de fragmentos remanescentes da Mata Atlântica.

Semanalmente, todo o material coletado era devidamente acondicionado e encaminhado para um viveiro de mudas da Usina Caeté, onde eram realizados os transplantes, utilizando como substrato uma mistura de terra preta, areia lavada e torta de filtro, este último, um subproduto da cana-de-açúcar.

Os pesquisadores optaram por separar as plantas por espécie, irrigando-as duas vezes ao dia. “Durante o período do experimento resolvemos não introduzir nenhum processo de adubação química, mantendo-as como se estivessem em seu ambiente natural”, salientou Maria Cecília Bello, destacando ainda que a contagem de indivíduos para a obtenção da taxa de sobrevivência também era realizada semanalmente.

Segundo os pesquisadores, ao longo do estudo, 11.600 mil plântulas de espécies arbóreas foram transplantadas, das quais, 6.982 sobreviveram, um número considerado bastante satisfatório. “Obtemos uma taxa de sobrevivência que variou entre 12% a 100%, atingindo um percentual médio de 60.19%. Entre outros aspectos positivos resultantes do experimento podemos assinalar a alta taxa de sobrevivência, a rapidez do método, a eliminação de etapas trabalhosas de processamento e a quebra de dormência de sementes”, afirmou Flávia de Barros Prado Moura.

O trabalho de pesquisa possibilitou a catalogação de 161 espécies nativas pertencentes a 58 famílias. Entre as famílias que apresentam maior riqueza de espécies elencadas pelos pesquisadores da Ufal estão Mimosaceae, Melastomataceae, Myrtaceae, Caesalpiniaceae Lecythidaceae e Rubiaceae, que correspondem a 39,5% da composição florística das áreas estudadas, totalizando mais de mil hectares.

Os levantamentos florísticos assim como os experimentos científicos estão sendo mantidos pelos pesquisadores que, em cooperação técnica oferecida pela Ufal, sustentam o propósito de colaborar com as ações de preservação e revitalização empreendidas pela Usina Caeté.

Os pesquisadores atestaram como viável a técnica de utilização de plântulas transplantadas de regeneração natural para utilização em reflorestamento. “É importante frisarmos o apoio do Grupo Carlos Lyra na realização desse projeto e o trabalho de preservação que vem sendo realizado em expressivos remanescentes de Mata Atlântica pertencente à empresa”, assinalou Ulysses Cortez.

Para a coordenadora de Gestão Ambiental da usina, bióloga Fátima Amorim, as ações socioambientais, incluindo nesse contexto o apoio a projetos de pesquisa, são fundamentais para um efetivo trabalho de preservação de um bioma tão rico em diversidade faunística e florística como a Mata Atlântica. “Essa iniciativa denota o interesse do Grupo Carlos Lyra em não só garantir a conservação dessas áreas, como também envolver a comunidade do entorno nesse processo”, finalizou.

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