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Usina assume prejuízo para fazer caixa com etanol barato

O Programa de Financiamento de Estocagem do governo federal para 5 bilhões de litros de etanol na safra 2009/2010 já é considerado muito abaixo das expectativas pelo setor sucroalcooleiro. Com a previsão de um volume recorde na temporada vigente – no acumulado até primeiro de junho foram processadas 109,7 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, volume 43,5% superior ao do mesmo período em 2008 -, as indústrias de açúcar e álcool não estão conseguindo pegar os recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para estocar o produto até o período de entressafra.

Para fazer caixa, muitas empresas estão preferindo vender o etanol ao preço atual, assumindo prejuízo, do que recorrer a instituições financeiras, pagando juros altos. Quando recorrem às instituições financeiras estas, por sua vez, permitem o acesso à l inha de financiamento, mas para que o montante seja utilizado, exclusivamente, para saldar a dívida da companhia com o banco.

“Houve alguns financiamentos, mas em relação ao tamanho do programa, a meta que era a de manter o patamar de preço no início da safra em torno de 70 centavos o litro, sem os tributos, acabou não atingindo o objetivo”, diz Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

Segundo a entidade, os R$ 2,5 bilhões disponibilizados tiveram, até agora, pouquíssima demanda, devido a necessidade de armazenar 1,5 litro de etanol para cada litro financiado, ou seja, a empresa que se dispor a armazenar 1 milhão de litros de etanol, com a contrapartida do financiamento, terá que estocar mais meio milhão como garantia.

Além da restrição ao crédito, Padua destaca como fator de inibição da tomada de recursos o juro da linha, de 11,25%, e os gastos com a certificadora para, mensalmente, fazer o acompanhamento do es toque. “Essas empresas estão negociando no mercado, não conseguem formar estoques e o agente financeiro não quer mais garantia de ativo fixo”, disse.

Apesar das dificuldades apontadas, o diretor da Unica destacou os fundamentos positivos, com empresas se capitalizando com a venda o açúcar e o álcool competitivo em muitos estados, no entanto, prevê um segundo semestre complicado para algumas regiões. “Mercados com tributação alta e logística cara tendem a reduzir a demanda”, acrescentou.

Em Minas Gerais, onde o imposto é da ordem de 25%, o sindicato local já fala na inviabilização do álcool a partir de agosto. “Se o preço continuar pressionado vai chegar uma hora que terá que subir e, com o preço alto na bomba, deixará de ser viável e o consumo vai ser redirecionado para a gasolina”, alertou Luiz Custódio Cotta Martins, presidente do Siamig/Sindaçúcar-MG. De acordo com o executivo, os bancos não estão liberando recursos para capital de giro, obrigando as usinas a vender em etanol abaixo de custo. “Eu te dou o empréstimo, mas você não vai receber o recurso, vai pegar esse dinheiro para acertar compromissos aqui no banco”, disse Martins, fazendo referência a prática utilizada pelas instituições financeiras, segundo o presidente do Siamig.

A percepção de que o programa de estocagem não está tendo o resultado adequado também é sentida por analistas do setor. De acordo com Miguel Biegai, analista da Safras & Mercado, muitas empresas preferem vender etanol com prejuízo do que ir ao banco tomar o recurso e pagá-lo com um juro muito alto. O cenário já é observado por investidores que estão apostando nos contratos futuros com vencimento em outubro. Segundo Biegai, o mercado tem boas chances de voltar a subir. “Poderá haver um novo rally de alta para os contratos de outubro, buscando uma convergência com o mercado físico”, avalia.

Usinas paradas

A Usaciga Açúcar poderá passa por uma fusão ou venda de ativos. O grupo paranaense parali sou seus projetos e entrou em processo de reestruturação financeira. Dona de 49% das ações da Usaciga, a empresa de investimentos Clean Energy Brazil irá buscar novos acionistas ao grupo e planeja captar recursos para retomar as obras de duas novas usinas com capacidade para processar 5 milhões de toneladas de cana por ano. A Barrálcool, localizada no Mato Grosso, também está com as atividades paralisadas em razão de um ato de protesto de 50 cortadores de cana que foram demitidos pela empresa.

O Programa de Financiamento de Estocagem do governo federal para 5 bilhões de litros de etanol na safra 2009/2010 já é considerado muito abaixo das expectativas pelo setor sucroalcooleiro. Com a previsão de um volume recorde na temporada atual – até 1º de junho foram processados 109,7 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, volume 43,5% superior ao do mesmo período de 2008 -, as indústrias de açúcar e álcool não estão conseguindo c aptar os recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para estocar o produto até a entressafra.

Para fazer caixa, muitas empresas estão preferindo vender o etanol ao preço atual, assumindo perda, a procurar os bancos.Quando recorrem às financeiras, estas, por sua vez, permitem o acesso a crédito para que o montante seja usado exclusivamente para saldar a dívida do grupo com o banco.

Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), os R$ 2,5 bilhões oferecidos tiveram pouca demanda devido à necessidade de armazenar 1,5 litro de etanol para cada litro financiado: se a usina se dispuser a armazenar 1 milhão de litros de etanol, com a contrapartida do crédito, terá de estocar meio milhão de litros como garantia.

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