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Usina amplia capacidade

Apesar da insuficiência de mamona para produção de óleo biocombustível no Ceará, a Petrobras Biocombustível confirma a expansão da planta da Usina de Biodiesel de Quixadá. Inaugurada há sete meses e ainda hoje produzindo o óleo verde à base de sementes de soja e de algodão, a unidade do Sertão Central cearense terá a capacidade instalada ampliada em 40%, o que deverá elevar a produção atual de 50 mil toneladas de óleo por ano, para 70 mil toneladas/ano de biocombustível. As obras absorverão cerca de R$ 20 milhões.

A informação foi repassada na tarde de on tem, pelo presidente da Petrobras Biocombustível, Miguel Rossetto, durante assinatura de seis contratos de assistência técnica agrícola no valor total de R$ 22 milhões, para capacitação de 31.450 pequenos produtores de mamona no interior do Ceará e do Piauí. Os contratos foram celebrados com o Instituto Agropólos, com a Ematerce do Piauí e outras quatro cooperativas de microprodutores nos dois Estados.

Produção insuficiente

Atualmente no Ceará, cerca de 21.500 agricultores estão engajados na produção de mamona, com produtividade de apenas 400 quilos por hectare, quantidade considerada inviável economicamente. ´Estamos transitoriamente utilizando soja e algodão para a produção de biodiesel. Nossa expectativa é a de que no prazo de três anos tenhamos organizada uma cadeia de suprimentos regional, a partir da mamona, girassol e pinhão manso´, confirma Rossetto, diante da insuficiência da produção de mamona, no Nordeste brasileiro.

Segundo ele, ainda hoje, a produ ção de biocombustível à base de mamona vem sendo feita apenas em caráter experimental, na Unidade de Guamaré, no Rio Grande do Norte. Isso obriga a subsidiária da Petrobras a importar sementes de soja e algodão nos Estados da Bahia, Piauí, Mato Grosso e Minas Gerais, para alimentar a usina de Quixadá. ´Atualmente, 90% de nossa produção vem dessas matérias primas e desses estados´, confirma.

Rossetto ressalta no entanto, que a proposta da Companhia é ir, ´gradativamente, substituindo o óleo de soja, pelo de girassol, de pinhão manso, pela mamona e pelo de algodão nos Estados do Ceará e do Nordeste. ´A perspectiva é de que a partir de 2010, o Ceará inicie a produção de pinhão manso, para o biodiesel´, aponta.

Estratégia

´Estamos, aos poucos invertendo isso. Essa foi um a estratégia de médio prazo, tendo como base a criação de fábricas flexíveis de matérias primas´, conta Rossetto. Ele revela que desde a inauguração da Unidade de Quixadá já se sabia da dificuldade de produzir biodiesel de mamona, mas conta que o projeto é maior, porque contempla a inclusão social de milhares de agricultores familiares na região. Segundo ele, a meta é, a partir da alta capacidade de compra da Petrobras, gerar um mercado de produção e venda da oleaginosa no Ceará.

Os contratos assinados ontem, são mais um passo no sentido de esclarecer sobre o programa do biodiesel e levar assistência técnicas aos pequenos produtores. ´Temos a confiança que em três anos estaremos com uma estrutura organizada e estabilizada no Ceará e no Piauí´, aposta Rossetto. Acrescenta que a produção nacional de biodiesel, hoje em torno de 1,2 bilhão de litros, terá de ser alterada para 1,6 bilhão/ano, diante da instituição do B4, que amplia de 3% para 4% a participação de combustíveis verdes, no óleo diesel.

Daí o interesse da Petrobras em investir neste mercado. Hoje, a capacidade de produção instalada da Petrolífera é de apenas R$ 174 milhões de litros/ano, cerca de 15% da demanda nacional.

Desafios

Apesar da disposição da Petrobras em investir no biodiesel verde, Rossetto reconhece que produzir o óleo a partir da mamona ainda enfrenta resistências no campo. Além do preço pago pelo produto, em torno de R$ 0,71, o quilo, e da baixa produtividade, a ação de outras empresas em não honrar contratos de compra da mamona com produtores, está deixando o homem do campo incrédulo com as boas perspectivas comerciais da cultura. ´A resistência é maior nas regiões pecuárias´, atesta o presidente da Emater-CE, José Maria Pimenta. ´Esse é o grande desafio do Ceará na área agrícola: o programa do Biodiesel é uma construção que precisa da parceria de todos´, defende o secretário Estadual de Desenvolvimento Agrário do Ceará, Camilo Santana.

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