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Uruguai estuda adoção de álcool

O governo do Uruguai estuda a adoção do álcool como combustível. Quem confirma a informação é o próprio ministro de Indústria e Energia, Jorge Lepra, que condiciona a adoção a uma avaliação sobre o “custo-benefício”.

“Temos uma equipe de profissionais trabalhando para ver que volume se pode produzir e qual o custo, mas ainda é prematuro dizer quando o projeto será implementado”, diz o diretor nacional de Energia, Gerardo Triunfo.

O programa uruguaio para o álcool pode ser incluído na disposição manifestada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, de ajudar em um plano de desenvolvimento para o país vizinho. Será criada uma comissão binacional nos setores de energia, geologia e mineração.

“É vital para o desenvolvimento de nossa região traçar estratégias coordenadas para o aproveitamento dos nossos recursos energéticos”, disse Lula, que se reuniu na última sexta com Vázquez em Brasília.

Atualmente, no Uruguai, há 3.000 hectares de cana-de-açúcar destinada ao consumo humano. O mercado comporta 900 cortadores de cana. Com a possibilidade de o projeto ser implementado, entidades sindicais como a União dos Trabalhadores Açucareiros de Artigas e os Assalariados e Pequenos Agricultores Rurais de Bella Unión já criaram a expectativa de serem gerados pelo menos mais 3.000 empregos.

O governo uruguaio pensa em amarrar bem o projeto para gerar investimentos e financiamentos -e não depender tanto de eventuais importações. O Ministério da Agricultura está participando dos estudos, até como forma de impulsionar o desenvolvimento da região de Bella Unión.

Em termos técnicos, o Brasil é citado como exemplo de que o projeto é viável. Até mesmo o gerente-geral da General Motors no Uruguai, Paulo Ramos, já deu o sinal verde para o projeto, dizendo que a indústria automobilística nacional pode se adaptar imediatamente ao projeto, com mudanças no motor.

A frota uruguaia é de entre 1,5 milhão e 2 milhões de carros. Os combustíveis usados são gasolina (cerca de 70%) e diesel (30%).

“É muito raro um uruguaio da fronteira ter um carro a álcool. Se tem, é da fronteira. Para nós, se eles adotarem o álcool, aumenta o número de compradores. Certamente será bom”, diz Adam Maciel, proprietário do posto BR Caburé, em Santana do Livramento -divisa com Rivera, no Uruguai.

Otimismo brasileiro

Os produtores brasileiros ainda não têm noção do quanto a implementação do projeto pode render ao país. O clima no setor, porém, já é de otimismo: as exportações de álcool combustível na safra 2004/2005 são maiores que as de álcool industrial pela primeira vez na história, segundo o presidente da Unica (União da Agroindústria Canavieira), de São Paulo, Eduardo Carvalho. Desse total, 60% das exportações são de álcool combustível.

Em relação à safra anterior, as exportações de álcool triplicaram.

“Uma conjunção de preços internos baixos e preços externos elevados, além da alta do petróleo, tornou competitivo o álcool brasileiro”, diz Carvalho.

O agronegócio sucroalcooleiro movimenta R$ 40 bilhões/ano -com faturamentos diretos e indiretos-, o que corresponde a aproximadamente 2,35% do PIB nacional, e gera 3,6 milhões de empregos diretos e indiretos. O Brasil é o principal país a implantar em larga escala combustível renovável alternativo ao petróleo.

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