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Uniduto busca sócio para alcoolduto

A Uniduto contratou o banco Itaú BBA para assessorá-la na busca por investidores nacionais e estrangeiros para captar recursos para tocar o projeto de alcoolduto da companhia. Criada em março de 2008, a empresa tem como sócias 88 usinas sucroalcooleiras, responsáveis por um terço da produção de álcool do Brasil.

O projeto de alcoolduto das usinas está todo estruturado no Estado de São Paulo, com bases coletoras e armazenadoras de etanol, que serão interligadas até o Guarujá, para o escoamento do produto para o mercado externo. O percurso total será de 560 quilômetros. Os investimentos estão estimados em cerca de US$ 1 bilhão.

No país, há pelo menos três projetos oficiais de alcooldutos. O pioneiro é o da Petrobras, com um trajeto de cerca de 1.100 quilômetros. A Brenco tamb! ém tem planos nesse sentido.

Segundo Sergio Van Klaveren, presidente da Uniduto, as usinas acionistas já desembolsaram cerca de US$ 30 milhões para começar o projeto, que iniciará suas operações a partir da safra 2011/12. “Esses recursos estão sendo investidos em aquisições de áreas para a construção das bases de captação e tancagem de álcool, além do porto, totalizando 1 milhão de metros quadrados”, afirmou. “Em 60 dias, concluiremos o processo de aquisição de terras.” A capacidade de tancagem das bases será em torno de 800 milhões de litros.

A empresa também já tem toda sua equipe montada, com 20 funcionários. “Contratamos Leandro Gomes [ex-Bertin] e Fábio Jorge [ex-Alcoa] para a diretoria financeira. Eu fui o primeiro funcionário contratado pela Uniduto”, contou.

A entrada de novos sócios estava prevista desde o início. “Na primeira fase, apenas as empresas do setor tornaram-se acionistas [as principais são Cosan, Copersucar, Allicom e Crystalsev]. Na segund! a etapa, que será capitaneada pelo Itaú BBA, teremos outros investidores”, disse Klaveren. O executivo afirmou que não há negociação em andamento neste momento. “Tivemos algumas reuniões com fundos, que demonstraram interesse em investir no projeto.” Entre os interessados estão o Fundo de Investimento do FGTS (FI-FGTS), que já financia empreendimentos em infraestrutura – energia, transporte e saneamento no país, e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Neste momento, a Uniduto concentra esforços na aquisição das áreas onde serão instaladas as bases coletoras, nos centros de distribuição e porto, todas em São Paulo. As bases de coleta de álcool serão em Botucatu, Anhembi e Serrana. A cidade de Santa Bárbara DOeste terá uma coletora e armazenadora. Segundo Klaveren, em Paulínia haverá uma base secundária da Uniduto, para abastecer os dutos que levarão o álcool para as distribuidoras de combustíveis. A empresa também terá uma base distribuidora em Cajama! r para abastecer a região metropolitana de São Paulo. Por fim, a Uniduto está estruturando em Guarujá um terminal “offshore” (externo), com duas monoboias para recepcionar tanto navios menores como de grande calado.

As áreas no Guarujá, em torno de 200 mil metros quadrados, estão em fase de assinatura de contrato, e as restantes em fase final de negociação. “Os processos de licença ambiental estão avançados. A apresentação do projeto de EIA-Rima deverá ser entregue até dezembro”, disse Klaveren.

O projeto da Uniduto prevê que o alcoolduto deverá passar por cerca de 50 municípios paulistas. “Nossos cálculos indicam que vão deixar de circular pelas rodovias cerca de 1.600 carretas duplas por dia por causa do alcoolduto.”

De acordo com o executivo, o álcool produzido nos Estados de Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais, por exemplo, chegarão por rodovias, ferrovias ou pela hidrovia Tietê-Paraná até as bases coletoras da Uniduto no Estado de São Paulo para segui! rem por alcoolduto.

Como não contempla investimentos fora de São Paulo, Klaveren acredita que poderá haver uma interligação entre os alcooldutos da companhia com os da Petrobras no futuro. “Não há discussão sobre isso, mas é plausível”. A empresa descarta, contudo, uma integração entre as duas companhias. “São projetos diferentes”, afirmou.

Atualmente, cerca de 95% do etanol brasileiro é escoado por rodovias. “O modal dutoviário é o que apresenta melhores resultados por qualquer que seja o ângulo de análise em qualquer lugar do mundo. Basta observar as redes de dutos hoje instaladas nos países desenvolvidos. Tanto do ponto de vista operacional como ambiental, segurança e principalmente custo, os dutos são imbatíveis”, disse.

Segundo o executivo, os custos são mais baixos, mas a empresa ainda não mensurou quanto. “A variação depende de país para país, em função do tempo de operação e amortização do investimento, que é alto. Só para se ter uma ideia, na Europa, po! r exemplo, há dutos em operação há mais de 60 anos.”

Pesam mais nos custos para a construção de alcoodutos as estruturas de tubulações. “Os dutos representam cerca de 35% a 40% do total”, afirmou o executivo. Um levantamento feito pela companhia mostra que há 86 empresas que podem fornecer a infraestrutura de escoamento do álcool, das quais três são nacionais.

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