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Unica confirma recorde em etanol

As usinas de açúcar e álcool da região centro-sul do país destinarão entre 53% e 54% da cana-de-açúcar colhida na safra 2007/08 para a produção de álcool – o maior índice desde a década de 80, no auge do Proálcool – , confirmou a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) em levantamento preliminar sobre a safra.

Conforme a entidade, a produção de cana-de-açúcar no centro-sul será 13% maior que no ciclo 2006/07, de 420 milhões de toneladas. Com esse volume, a região passará a responder por 90% da produção canavieira do país, contra 85% na safra passada. A produção de álcool, por sua vez, deverá aumentar de 15,9 bilhões para 18,5 bilhões a 19 bilhões de litros, segundo Antônio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da Unica.

“Em torno de 10% da cana já foi colhida, mas o ritmo está lento. É preciso ver se as usinas vão conseguir processar os 50 milhões de toneladas a mais de cana desta safra”, afirmou Rodrigues. Ele observou que as usinas atrasaram em 15 dias o início da moagem devido à falta de equipamentos nas indústrias. E das 19 usinas que devem entrar em operação neste ciclo, apenas quatro iniciaram a moagem.

Plínio Nastari, presidente da Datagro, observou que a forte estiagem que afeta a região de Araçatuba também podem comprometer a safra. Ele estima que serão moídas 415 milhões de toneladas de cana na região e 58 milhões no Nordeste. Nastari e Rodrigues disseram que o aumento da produção alcooleira deve-se à maior demanda no país por álcool para atender à frota crescente de carros flex fuel. Eles também observam que há 30 usinas em operação desde 2005 voltadas exclusivamente à produção de álcool. Até o momento, 269 usinas do centro-sul iniciaram a moagem da safra.

Eduardo Pereira de Carvalho, presidente da Unica, observou que o mercado externo ainda está muito fechado para o álcool brasileiro. “Não acredito em revolução no setor em cinco ou seis anos. As exportações de etanol crescerão proporcionalmente ao aumento da produção, mas manterão a média de 20%”, disse Carvalho. Na última safra, o país produziu 17,7 bilhões de litros e exportou 3,5 bilhões.

Ele observou que as usinas estão fazendo esforços junto ao mercado externo para divulgar a qualidade do etanol brasileiro e as condições sócio-ambientais de desenvolvimento da produção canavieira para evitar futuras imposições de barreiras não-tarifárias.

Os usineiros também planejam formar parceiras para construir seu próprio alcooduto na região de São Paulo, para reduzir custos com transporte em 20% a 30% e facilitar exportações, de acordo com a agência Dow Jones Newswires.

Conforme Nastari, da Datagro, também pesa a favor do álcool os baixos preços do açúcar no mercado internacional, por conta das previsões de superávit da safra próximo a 2 milhões de toneladas em função da retomada da produção nos países asiáticos. Ontem, o contrato para outubro do açúcar negociado na bolsa de Nova York subiu 16 pontos, para 9,08 centavos de dólar por libra-peso. Segundo Nastari, os preços do açúcar praticados no mercado interno estão na faixa de 11,66 centavos, acima do preço internacional. “Hoje o custo de produção de açúcar no Brasil é de 10,7 centavos de dólar e os preços internacionais hoje não estimulam a exportação”, disse.

Nastari observou ainda que o preço do álcool no mercado interno está 15% melhor que o do açúcar, o que torna o combustível a opção mais rentável para as usinas neste momento, embora os preços tenham recuado nos últimos dias. Segundo a Reuters, as exportações ganharam força nos últimos dias. Foram realizadas vendas de vários carregamentos tendo como destino o Caribe, onde o hidratado será reprocessado vendido aos EUA.

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