Mercado

União Europeia vai priorizar o Mercosul

O governo espanhol assume na próxima sexta-feira a presidência da União Europeia com a promessa de restabelecer as negociações comerciais com o Mercosul e de voltar a dar prioridade política para a América Latina. Internamente, a presidência espanhola será marcada pelos esforços de garantir que a recuperação econômica da Europa não patine. O bloco, porém, será presidido por uma das economias que mais está sofrendo com a crise, com dívidas sem precedentes e um desemprego de 18%.

Membros de alto escalão do governo espanhol confirmaram ao Estado que a meta é tentar fechar com o Mercosul um acordo preliminar no primeiro semestre para estabelecer as bases do livre comércio entre as duas regiões, um projeto que há dez anos não sai do papel.

Mas as promessas vêm esbarrando em problemas reais de ambos os lados do Atlântico. Do lado europeu, a resistência está em abrir o mercado local para os produtos agrícolas do Brasil e Argentina, como carnes, açúcar, trigo, milho, leite e até biocombustíveis.

A negociação foi lançada em 1999, mas acabou suspensa em 2004 diante de um impasse que parecia insuperável. Nos anos seguintes, a Europa manteve a tese de que não faria concessões no âmbito bilateral sem saber o que ocorreria nas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC). Mas, com a Rodada Doha desacreditada, o governo espanhol espera convencer os demais países europeus a entrar em um acordo com o Mercosul.

A França não é da mesma opinião. Deixou claro que não há novas concessões a serem feitas no setor agrícola e que uma maior proteção aos fazendeiros será necessária nos próximos meses para superar a crise. Na Alemanha, o temor é com a explosão do biodiesel argentino, que teve um aumento de vendas de 3000% em um ano.

Do lado do Mercosul, as resistências também existem. Na Argentina, o seto! r industrial não quer nem ouvir falar em cortes de tarifas para produtos importados. Outro problema será a eventual adesão da Venezuela às negociações, o que até agora não está esclarecido. A Argentina, que preside o Mercosul a partir de janeiro, fechou um entendimento com Madri para tentar assinar o acordo comercial em maio, durante a Cúpula Europa-América Latina.

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