Mercado

Uma gigante de R$ 8 bilhões

A nova gigante do setor sucroalcooleiro LDC-SEV nasce com um valor de mercado estimado de R$ 8 bilhões, de acordo com o seu presidente, Bruno Melcher. O executivo disse que o objetivo da nova empresa – nascida da associação entre a Louis Dreyfus Commodities (LDC) Bioenergia e a Santelisa Vale – é obter a liderança do setor.

Com 13 unidades operacionais e capacidade operacional de moagem de 40 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por ano, ela já nasce vice-líder mundial em processamento de cana, atrás apenas do Grupo Cosan, que tem capacidade de moagem em torno de 60 milhões de toneladas.

Melcher confirmou informação de que a LDC terá 60% de participação na nova empresa, os acionistas antigos da Santelisa Vale ficarão com 18%, os bancos credores com 13% e os novos investidores. com 9% do controle. Segundo ele, este! s novos investidores ainda estão finalizando sua entrada na operação e, em um primeiro momento, a LDC bancará o montante da participação, de cerca de R$ 800 milhões. “Estamos finalizando o acordo com investidores, principalmente investidores e bancos de desenvolvimento internacionais. Há muitos interessados”, explicou.

Na gestão da nova companhia, Melcher contará com Marcelo Bacci como diretor financeiro e Christophe Akli como diretor operacional, ambos vindos da LDC. No conselho da companhia, haverá seis cadeiras para a LCD, duas para os atuais acionistas e uma para os novos investidores.

O executivo disse também que 100% do passivo da Santelisa, estimado em R$ 2,2 bilhões, foi renegociado com prazos longos e custo financeiro competitivo. “Praticamente não temos mais dívidas de curto prazo”, disse Melcher. Segundo ele, a LDC-SEV terá uma política agressiva de expansão, para o qual utilizará a injeção de capital de R$ 800 milhões feita pelos novos investidores no curto! prazo e, no médio, a empresa fará uma abertura de capital para obter recursos para continuar crescendo. “O objetivo da LDC-SEV é ser um instrumento de consolidação do mercado para atingir a liderança”, disse.

A LDC previa sua abertura de capital inicialmente para 2007 e chegou a preparar a operação, mas a crise financeira abortou a iniciativa. “Quando o mercado se recuperar, iremos fazer nosso IPO”, disse ele. Melcher prevê que a abertura seja feita em cerca de três anos.

subsidiárias. Melcher disse também que a empresa vai se concentrar nas subsidiárias em que possui capital majoritário. Empresas como a Usina Tropical Bioenergia, em que a Santelisa possuía uma participação minoritária em uma parceria com a BP, devem ser alienadas. “Vamos estudar ainda o que fazer com estas participações não majoritárias, mas o objetivo é de não mantê-las”, disse, durante coletiva em São Paulo, ao lado do CEO da LDC Brasil, Kenneth Geld.

O executivo disse também que a empresa ! manterá os ativos da Crystalsev, trading da Santelisa. Apesar de várias atividades da Crystalsev serem duplicadas na LCD, Melcher explica que, aos poucos, a Crystalsev deverá deixar de ser trading, mas continuará existindo através de seus ativos de logística e distribuição e sua participação em um terminal no porto de Santos, o que garante o acesso da LDC-SEV aos mercados de exportação de açúcar. “Vamos analisar as complementaridades da Crystalsev com a trading da LDC-SEV e vamos ficar com o melhor de cada uma”, disse.

Segundo o executivo, a sinergia criada pela fusão das duas empresas deverá criar uma economia de R$ 100 milhões por ano. Num primeiro momento, a prioridade será investimentos da ampliação da capacidade da empresa em produzir bioeletricidade através de cogeração de energia. De atuais cerca de 1 gigawatt/hora de potência, a empresa pretende ampliar para 1,6 gigawatt no curto prazo. Melcher explica que, mesmo com a atual existência de um excesso de oferta de energ! ia elétrica, eles acreditam que, no médio prazo, com o crescimento econômico do Brasil, haverá aumento na demanda por bioenergia e elevação de preços.

A nova empresa não tem plano para uma expansão imediata na produção de cana, mas a intenção é crescer através de construção de novos greenfields. “Acreditamos que o movimento de expansão através de aquisição de usinas já existentes esteja no fim”, disse. Melcher disse que já estudam localizações para construção de novos greenfields.

A negociação entre a LDC e a Santelisa se estendeu durante sete meses, de acordo com Melcher. André Biagi, atual representante dos acionistas da LDC-SEV e um dos principais acionistas da antiga Santelisa, disse que a maior dificuldade foi lidar com a frustração da família depois que os investimentos arrojados que a Santelisa fez não renderam os frutos esperados. “Foi muito difícil, porque fizemos investimentos animados com as perspectivas do mercado que não se concretizaram. Porém, hoje o cenário é mais positivo do que há um ano e a associação dos dois grupos criou uma empresa mais competitiva”, disse.

A LDC-SEV ficará no guarda-chuva da LDC, a segunda maior trading de açúcar do mundo, com a venda de 5 milhões de toneladas do produto. Segundo o presidente mundial da LDC, Serge Schoen, a LDC está investindo pesado no setor sucroalcooleiro brasileiro, cerca de US$ 2 bilhões nos últimos anos.

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