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Um quarto da safra é dos pequenos

O Estado de São Paulo é o maior produtor de açúcar e álcool do mundo, com safra prevista de 239 milhões de toneladas. E cerca de 25% deste total está nas mãos de pequenos e médios produtores, responsáveis pela cifra de 59,2 milhões de toneladas, de um total de 239 milhões de toneladas, segundo levantamento da Organização dos Plantadores de Cana da Região CentroSul do Brasil (Orplana).

O restante da cana produzida no Estado está nas mãos de 128 usinas e destilarias. Pelo levantamento da Orplana, 13.110 produtores em diferentes regiões do Estado cultivam em média 51 hectares. Juntos, eles entregaram uma quantidade superior às produções totais da Tailândia (49 milhões de toneladas) e da Austrália (30 milhões de toneladas).

O levantamento da Orplana aponta que 91,5% dos agricultores associados (são 22 associações filiadas à Orplana, sendo 21 em São Paulo e 1 em Minas Gerais) produzem até 10 mil toneladas de cana e foram responsáveis por 42% do total entregue às usinas na última safra – apenas 8,5% dos produtores forneceram 58% da matéria-prima. A área total de cana dos 13.110 fornecedores atinge 750 mil hectares, ou 22% da área do Estado de São Paulo ocupada pela cultura, que é de 3,42 milhões de hectares (no Brasil a área plantada com cana é de 5 milhões de hectares). Isso representa uma produção de 3,7 milhões de toneladas de açúcar ou 2,2 bilhões de litros de álcool.

No atual cenário de expansão, em que há boas perspectivas de exportação de açúcar e álcool, além da ampliação do mercado interno para o álcool, por causa dos carros movidos a álcool ou a gasolina, a Orplana vem fazendo um trabalho para estimular os pequenos e médios produtores a continuarem na atividade e resistirem ao arrendamento de suas terras.

O arrendamento é geralmente feito pelas próprias usinas, que pagam um aluguel pelas terras e cuidam de todo o plantio. Quanto maior o número de fornecedores de cana, melhor a distribuição de renda no campo, diz o presidente da Orplana, Manoel Ortolan. A cana ainda paga os melhores salários da agricultura e gostaríamos de ver os produtores cuidando de sua área nessa fase favorável.

TRADIÇÃO FAMILIAR

Na região de Sertãozinho, uma das mais fortes e tradicionais do Estado no setor (com solo propício e área entre 60% e 70% mecanizável), a família Ancheschi é um dos exemplos de pequenos produtores que persistem no plantio de cana e nem pensam no arrendamento. Ao contrário, com a experiência acumulada desde 1958 no setor e assistências técnica e jurídica garantidas pela associação Canoeste e compra de insumos por preços mais em conta na Cooperativa dos Plantadores de Cana do Oeste de São Paulo (Coopercana), a produtividade é excelente e alcança 82 toneladas por hectare (a média levantada pela Orplana é de 80 toneladas/hectare. Na safra passada, os Ancheschi colheram 9 mil toneladas, em 108 hectares espalhados em seis propriedades, em quatro municípios.

Após a morte do patriarca Carlos Ancheschi, o filho Mario, de 75 anos, é quem supervisiona tudo. Mas são o seu filho Antonio Celso, de 48 anos, e os sobrinhos João Augusto, de 51, e José Carlos, de 55, quem vão ao campo diariamente. Eles não sabem se a terceira geração da família, com 28 descendentes, dará continuidade ao negócio, pois somente João Júnior, filho de João, está estudando agronomia e demonstra interesse pela área. Mas não desanimam.

Agora que o momento está bom, nem pensam em desistir de plantar. Nem quando o setor passou por fortes crises os Ancheschi entregaram os pontos – a primeira crise foi em 1964/65, por causa da seca e, a segunda, em 1999/2000, quando houve a desregulamentação do setor e excesso de produção, além de excesso de estoques.

A preocupação dos Ancheschi é voltada, agora, à expansão desordenada dos plantios, por causa do bom momento conjuntural do setor canavieiro. A expansão que está sendo verificada atualmente na região oeste de São Paulo precisa ser planejada, pois existem muitos aventureiros que não conhecem o meio e partem para a cana, diz João Ancheschi. Mesmo com os bons preços atuais, a negociação com as usinas é complicada e depende muito do mercado em cada momento.

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