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Um pacto de cooperação entre Brasil e Alemanha

O programa nuclear brasileiro perdeu seu aliado mais tradicional, a Alemanha, que anunciou o fim de 30 anos de parceria e propôs ao Brasil que se concentre na exploração de recursos energéticos renováveis. O custo e a segurança do programa nuclear brasileiro despertam preocupações internacionais, especialmente depois que inspetores da Organização das Nações Unidas (ONU) tiveram acesso restrito à instalação nuclear de Resende (RJ), já que o Brasil teme espionagem industrial.

Diante da pressão do Partido Verde, ao qual é filiado, o ministro alemão das Relações Exteriores, Joschka Fischer, disse que o acordo nuclear brasileiro era incompatível com a meta alemã de se livrar da energia atômica até 2025. “Na Alemanha temos uma política de abandonar gradualmente a energia nuclear, e isto está avançando para as nossas relações internacionais”, disse Fischer a jornalistas visita a Brasília na semana passada.

O Brasil aceitou encerrar o acordo quando ele expirar, no final do ano, e convertê-lo em um pacto de cooperação para a produção de energia solar, eólica, com etanol, biodiesel e outras fontes, segundo diplomatas brasileiros. Mas, de acordo com o chanceler Celso Amorim, o Brasil não pretende abandonar a energia nuclear — pelo contrário. O país busca empresas que invistam para completar a construção da usina de Angra-3, parada há 30 anos. Também é possível que seja ampliada a produção de combustível nuclear para uso doméstico. “O Brasil tem planos concretos para continuar usando a energia nuclear”, disse Amorim.

O acordo nuclear entre Brasil e Alemanha começou em 1975, com a perspectiva da construção de oito usinas. Devido aos custos elevados e às crises econômicas recorrentes, só duas delas saíram do papel.

O Brasil recebe 90% da sua energia de usinas hidrelétricas, mas analistas calculam que seria preciso triplicar a produção para que o país chegue a ser uma potência econômica.

Amorim minimizou o fim do acordo nuclear com a Alemanha, dizendo que ele cumpriu seus objetivos. “Nosso programa de enriquecimento de urânio é totalmente autônomo, não depende desta cooperação externa”, afirmou.

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